26 de abril de 2017

Raça bovina 100% paranaense ganha reconhecimento federal

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reconheceu oficialmente hoje a primeira raça bovina totalmente paranaense. É a Purunã, desenvolvida pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), órgão estadual de pesquisa agropecuária. O governador Beto Richa (PSDB) presidiu o evento, realizado no Palácio Iguaçu, em Curitiba.

O superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, Alexandre Orio Bastos, entregou ao governador a portaria que reconhece a raça e dá autonomia aos criadores para expansão do rebanho no País. A Associação de Criadores de Gado Purunã (ACP) recebeu credenciamento para fazer o controle genealógico da nova raça.

Richa destacou a excelência do trabalho realizado pelo Iapar e prestou homenagens a equipe responsável pelo desenvolvimento da raça bovina. “A certificação e o reconhecimento oficial consagram o Iapar. Recebemos o instituto em uma situação crítica. Hoje é um dos orgulhos do Estado”, disse Richa na solenidade que teve a exposição de animais e degustação de carne.

Richa destacou o estímulo dado aos órgãos estaduais de pesquisa. Ele lembrou que a reformulação do Iapar envolveu a contratação de 250 profissionais. Richa também citou o caso do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), que recebeu novos investimentos do Estado e hoje produz medicamentos e vacinas para exportação.

O nome da nova raça se refere à Serra do Purunã, em Ponta Grossa, onde fica a Fazenda Modelo do Iapar, local onde todo o trabalho foi desenvolvido. “A partir de agora, o criador que decidir pelo Purunã terá a certeza de contar com um material de origem pura”, garantiu o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

A Purunã é resultado de mais de 30 anos de trabalho, que começou com o experimento genético. As duas últimas décadas foram para consolidação e disseminação da nova raça. “É uma raça adaptada para qualquer tipo de criador. Mesmo os que não possuem grande aporte tecnológico podem obter bons resultados”, o presidente do Iapar, Florindo Dalberto.

O Iapar estima que 3 mil a 4 mil animais estão sendo criados. Desde 2008, o instituto vem ofertando touros, mas sua atuação ainda é limitada no mercado, segundo o zootecnista e pesquisador José Luiz Moletta, um dos criadores da nova raça.

A partir de agora a Associação de Criadores de Gado Purunã irá gerir a raça. Segundo o presidente da entidade, Piotre Laginski, com a entrega do registro oficial aumenta a perspectiva de parcerias para disponibilizar a genética no mercado. Hoje, existem embriões e sêmen em laboratórios, prontos para serem comercializados.

A perspectiva é que em quatro anos pelo menos 10 mil matrizes de gado Purunã já estejam registradas. Atualmente, existem exemplares em Patos de Minas (MG) e em São Paulo. Criadores da Bahia estão dispostos a fazer parceria para avaliação da genética no estado. “Agora a Purunã ganha o mundo”, disse Laginski.

Características da Purunã aumentam valor agregado

O superintendente regional do Ministério da Agricultura, Alexandre Bastos, ressaltou que as principais características do Purunã – maior produtividade e melhoria na qualidade da carne – aumentam o valor agregado do produto.

“Com a raça Purunã, o Brasil pode avançar na sua posição de liderança no mercado mundial. A raça abre uma nova possibilidade, pois sua carne de qualidade pode atender mercados mais exigentes”, disse. “O investimento em pesquisa e tecnologia na pecuária fortalece a cadeia produtiva da carne no Brasil, que é o principal exportador de proteína animal do mundo”, concluiu.

CRUZAMENTO GENÉTICO – A Purunã é resultado de pesquisas e estudos de melhoramento genético, através de cruzamento entre as raças Charolês, Caracu, Aberdeen Angus e Canchim. A raça 100% paranaense incorporou características como tolerância ao calor, resistência ao carrapato, temperamento dócil, elevada proporção de cortes nobres e maciez da carne são alguns dos aspectos transferidos.

Os pesquisadores do Iapar Daniel Perotto e José Luiz Moletta trabalham na pesquisa genética que originou o Purunã há 30 anos. Com 15 anos de trabalhos, o Iapar constatou que já tinha material genético diferenciado para formar a população que seria o embrião de uma nova raça. (Com AEN)

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