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Domingo, 11, foi dia de provas na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A instituição promoveu o Vestibular 2022 em treze cidades do Paraná, com provas de conhecimentos gerais, redação e vocacionadas, aplicadas em um único dia (manhã e tarde). Dos 7.751 inscritos, 14,6% não compareceram. Os concorrentes disputam 1.495 vagas em 39 cursos da graduação, com previsão de divulgação do resultado até 22 de dezembro.

Marcia Marchinski Kubaski estava segurando firme a caneta e identidade. Os olhos atentos à lista de locais de prova, pregadas na porta da frente do Campus Central, não escondiam o brilho de quem não quer parar de estudar. “Sou formada em Letras e também tenho especialização em educação especial e não tenho vontade de parar de estudar”, disse, sorrindo. Marcia tem 60 anos, com a alegria de um espírito jovem. “Tenho um grande sonho de trabalhar em sala de aula com crianças, por isso eu sempre afirmo que não dá pra parar, até 80 anos tem muito chão, né?”. A candidata achou inspiração para a segunda graduação pela filha pedagoga. “No momento, estou trabalhando como doméstica e me preparei como deu, juntando os conhecimentos que já tenho, por isso estou confiante de que vai dar tudo certo”, completa.

O Vestibular da UEPG reúne pessoas de todas as idades, como Luiz Fernando de Oliveira Peclat, de 17 anos. “Quero fazer Medicina. Eu passei o ano todo fazendo curso online, então estou confiante para a prova de hoje”, disse na entrada para as provas, em Curitiba, no maior local de provas fora de Ponta Grossa. “As provas da UEPG são no estilo somatória, que tenho facilidade, então acredito que vou me sair bem”, completa.

Há quem venha sozinho, com amigos, colegas ou com a família. Ana Luiza de Paula e Silva compareceu às provas em Curitiba acompanhada dos pais, Eunice e Luciano. Assim como Luiz, ela tenta uma vaga no curso de Medicina. “Estava fazendo cursinho e é o primeiro Vestibular da UEPG que tento, vamos ver como vai ser se eu passar”, descreve. Para a mãe de Ana, a aprovação seria merecida. “Vimos a rotina dela, que foi bem puxada, estudando de manhã e fazendo cursinho à noite. Ela se preparou e merece passar”, destaca. O pai, Luciano, disse que o dia começou cedo para a família. “Às 6h já estávamos de pé, mas deu pra dormir bem tranquilo, porque a gente confia que tudo vai dar certo pra ela”.

Ana e Luiz fazem parte dos quase 3 mil que tentam uma vaga em Medicina, curso mais concorrido da edição, com 97 candidatos por vaga. Em seguida, vem Engenharia de Software (13); Direito noturno (8); Agronomia (7); e Direito matutino (6). Do total de inscritos, 4.020 concorrem a vagas do Setor de Ciências Biológicas e da Saúde; 1.216 em Engenharias, Ciências Agrárias e de Tecnologia; 908 para Ciências Sociais Aplicadas; 789 em Ciências Jurídicas; 463 em Ciências Humanas, Letras e Artes; e 142 para Ciências Exatas e Naturais.

As irmãs Sofia e Nicole Miquelin estavam na entrada do local de provas em Curitiba aguardando a abertura dos portões. Ambas tentam pela primeira vez uma vaga na UEPG. “Agora é mais um teste, para ver como funciona a prova”, explicam. A dupla já tem planos, caso consiga passar. “Estamos também tentando cursos em outros Estados e se a gente passar a gente se muda e nossos pais vão ter que se dividir pra nos visitar”.

DEPOIS DA PROVA – Um dia inteiro de provas. Quem fica na sala até o final soma sete horas para resolução das questões e redação. Ellen Sviercoski fez Vestibular na Central de Salas, Campus Uvaranas, e tenta uma vaga para Administração – Comércio Exterior. “É o meu primeiro Vestibular, estou saindo do Ensino Médio este ano, mas não fiquei nervosa, pois estudei bem antes”, descreve. Apesar de se dizer cansada, Ellen não escondeu a confiança. “Acho que consigo passar, é o curso que quero fazer”.

Gabriela Aparecida Freitas Mira e Adauane dos Santos estavam comparando as respostas na saída da prova. A amizade começou na Central de Salas, com a possibilidade de ambas estudarem juntas o curso de Administração. “Eu esperava que fosse ser mais difícil, achei um tema fácil da redação e a UEPG é a minha única opção, por enquanto”, descreve Gabriela, acompanhada de Adauane.

As provas de 2022 trouxeram assunto inédito para a redação. Com o tema “caminhos para o enfrentamento do capacitismo no Brasil”, a Coordenadoria de Processos de Seleção (CPS) solicitou aos candidatos indicações das melhores formas de se combater a discriminação no país, por meio de um texto dissertativo-argumentativo. Pelas redes sociais, o tema ganhou repercussão. A @luahautie comemorou o tema, via Twitter. “As coisas estão mudando! E que orgulho de agora fazer parte do Neade/TEA [Núcleo de estudos, pesquisas e ações frente à diversidade educacional] da UEPG, finalmente seremos ouvidos e nossas necessidades de suporte serão respeitadas e supridas”.

Um dos textos de apoio para o tema veio de uma entrevista concedida pelo influenciador Ivan Baron, ao Jornal Estado de Minas. “Lembro que quando comecei na internet pouquíssimas eram as pessoas que falavam sobre a temática, quase não tinha onde pesquisar, fontes empíricas para nos inspirar e hoje vendo que uma banca de vestibular me usa como texto de apoio para um assunto tão importante e também pouco debatido, é muito motivo para se comemorar e não desistir!”, disse, pelo Twitter.

O candidato Gustavo Ferreira Guse conta que conseguiu usar muitas referências para a formulação da redação. “Um tema bom, bem abrangente, que traz problemas de dias atuais. Aproveitei e citei avanço tecnológico e redes sociais. Achei o tema muito bem abordado, adorei”, destaca.

O chefe da CPS, Edson Luis Marchisnki, ressalta que o Vestibular ocorreu dentro da normalidade. “As considerações sobre a redação, bem como gabarito e provas constam na nossa página cps.uep.br/vestibular”. Candidatos que queiram solicitar recursos, devem enviar em até 48h após a divulgação do gabarito, por meio de protocolo digital. (Com assessoria)