24 de julho de 2019

Safra de grãos no Paraná deve atingir 37 milhões de toneladas

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Arapoti, Carambeí, Castro, Irati, Ortigueira, Palmeira, Piraí do Sul, Ponta Grossa, Prudentópolis e Tibagi estão no grupo de 35 municípios paranaenses bilionários. Após as revisões dos números preliminares, o VBP total do Paraná em 2023 ficou em R$ 198,02 bilhões, o maior valor da história.

A safra de grãos 2018/19 no Paraná caminha para o final da colheita com um volume total de 37,2 milhões de toneladas, que equivale a um aumento de 5% sobre a safra anterior que rendeu um volume de 35,4 milhões de toneladas.

A safra seria ainda maior não fosse as perdas na soja, de 17%, e no trigo, ao redor de 16% da produção. Em contrapartida, a segunda safra de milho, que está com 65% da área colhida, está apresentando um dos melhores resultados da história do grão plantado nesta época do ano.

A análise é do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, que divulgou hoje, 24, os resultados parciais da safra de grãos 2018/19. A preocupação era com a geada recente, ocorrida no início de julho, que poderia ter atingido várias culturas.

TRIGO – A onda de frio atingiu em cheio o trigo plantado na região Oeste do Estado, que estava em fase suscetível. O trigo plantado nas regiões Sul e Norte foi pouco prejudicado e não apresenta perdas significativas, disse o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho.

A produção estimada inicialmente pelo Deral era de 3,2 milhões de toneladas. Agora essa estimativa baixou para 2,7 milhões, uma queda de 500 mil toneladas, que corresponde a 16% da produção em relação à estimada. Mesmo assim, o Paraná continua na liderança da produção de trigo no País, informou Godinho.

Isso porque, segundo ele, em relação à produção da safra passada, a perda provocada pelas geadas este ano não passa de 100 mil toneladas. Na safra anterior foram colhidas 2,8 milhões de toneladas de trigo no Paraná.

Nesta safra foram plantados um total de um milhão de hectares com trigo, dos quais 80 mil hectares apresentam perda total nas lavouras. A região Oeste produziria em torno de um quinto do trigo no Paraná, sendo uma das principais produtoras. Só na região Oeste, a quebra alcançou 51% da produção prevista para a região. Com isso, o Deral reduziu para 10% a participação do Oeste em relação à produção total de trigo no Estado.

Segundo Godinho, antes das geadas o Paraná atenderia seu autoabastecimento, em torno de 3 milhões de toneladas.

MILHO – A produção do milho surpreendeu e está resultando num dos melhores volumes colhidos durante a segunda safra, registrando a maior produtividade dos últimos anos. De acordo com o analista Edmar Gervásio (Deral), a segunda safra de milho deverá alcançar produção de 13,7 milhões de toneladas, um aumento de 50% em relação ao que foi colhido no mesmo período do ano passado, cujo volume foi em torno de 9,1 milhões de toneladas.

A colheita atinge 65% da área plantada e o resultado está alcançando uma produtividade média de 6.100 quilos por hectare, uma das maiores da história do Estado. O clima foi favorável durante todo o desenvolvimento vegetativo e as geadas ocorridas no início de julho não provocaram impacto na cultura. Quando as geadas aconteceram, as lavouras de milho já estavam prontas para a colheita, explicou Gervásio.

Com esse resultado, as duas safras de milho cultivadas no Estado estão rendendo um volume de 16,7 milhões de toneladas que vai colaborar com a safra brasileira que este ano deve ser recorde, atingindo 98 milhões de toneladas.

O milho paranaense vai ajudar a atender os mercados interno e externo, cuja demanda está em alta. No Brasil, a demanda por milho está aquecida em virtude da produção de carne suína, cuja cadeia está se expandindo para outros mercados no cenário internacional.

A China e a Rússia estão comprando carne suína do Brasil e do Paraná. Este ano também haverá exportação de milho em grão em maior quantidade, prevê Gervásio. Das 30 milhões de toneladas que deverão ser exportadas pelo Brasil, entre 3 a 4 milhões sairão do Paraná.

Por conta desse aquecimento, os preços estão se sustentando entre R$ 28,00 e R$ 30,00 a saca, considerados bons. No ano passado, os preços eram os mesmos mas teve quebra de safra. Por isso, os produtores estão satisfeitos com a colheita de uma boa safra e preços acima do custo de produção.

CANOLA E CEVADA – Canola e cevada são dois produtos da safra de inverno cultivados no Paraná, com comportamento semelhante ao trigo. Mas somente as lavouras de canola e o trigo foram afetadas pelas geadas.

Este ano foram plantados 887 hectares com canola, na região de Guarapuava, e a estimativa inicial do Deral apontava para uma colheita de 1.500 toneladas. Com as geadas, a estimativa caiu para 990 toneladas, uma perda de 34%, disse o engenheiro agrônomo do Deral Rogério Nogueira.

O plantio de cevada encerrou recentemente, com uma área ocupada de 58.075 hectares, 4,3% maior que no ano passado. A produção prevista é de 253.997 toneladas, 20,5% maior em relação à safra do ano passado. As geadas não afetaram a lavoura, que estava em desenvolvimento vegetativo quando ocorreram.

No Paraná, o plantio de cevada ocorre no regime de integração com as indústrias, semelhante ao sistema da avicultura. Com isso, cerca de 30% da produção estadual já está comercializada, sendo direcionada para fabricação de malte.

Segundo Nogueira, a cevada produzida no Paraná é de excelente qualidade com bom rendimento industrial. Conforme acompanhamento do Deral, 89% das lavouras estão em boas condições de desenvolvimento e a colheita começa no final de setembro a início de outubro.

SOJA E FEIJÃO – As lavouras de soja e de feijão da safra 2018/19 estão colhidas e os resultados são de queda na produção de soja, devido a problemas climáticos ocorridos no último trimestre do ano passado, quando faltaram chuvas durante o desenvolvimento vegetativo, disse o economista Marcelo Garrido, do Deral.

Segundo ele, a expectativa inicial era colher 19,6 milhões de toneladas, mas foram colhidas 16,2 milhões, uma perda de 17%, que equivale 3,4 milhões de toneladas do grão que foram perdidas.

A preocupação do produtor é com a comercialização, porque a cotação da soja está enfrentando turbulências no cenário interno e externo. No cenário interno, o preço está submetido ao câmbio que está em baixa no momento. E no cenário externo, há as inseguranças da guerra comercial entre Estados Unidos e China, e a peste suína ocorrida na China que derrubou a compra do grão pelo país asiático.

Com isso, a saca da soja está sendo comercializada em média por R$ 66,40, valor 13,2% menor que em igual período do ano passado, quando foi vendida em média por R$ 76,50.

As duas primeiras safras de feijão plantadas no Paraná já estão colhidas, restando no campo a terceira safra plantada de forma localizada na região Norte, constituindo uma safra pequena em relação às duas primeiras.

Segundo o Deral, o Paraná produziu este ano 602 mil toneladas de feijão, mantendo a liderança da produção nacional. Segundo o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador, os preços estão estabilizados em R$ 119,00 a saca para o feijão-de-cor, e R$ 114,00 para o feijão-preto.

MANDIOCA – Cerca de 47% da safra de mandioca 2018/19 já está colhida, com produtos de boa qualidade. A previsão do Deral aponta para uma colheita de 3,37 milhões de toneladas, 3% menor em relação ao ano passado.

Os produtores paranaenses estão enfrentando problemas com a comercialização da produção, disse o economista do Deral Methódio Groxko. Segundo ele, a indústria está comprando pouco devido à boa produção de mandioca no Nordeste, maior região consumidora do País, portanto está atendendo a demanda regional. Mas no País houve queda no consumo em geral, observou o técnico.

Com isso, os preços já tiveram uma queda de 31%, baixando de R$ 476,00 a tonelada comercializada em julho de 2018 para R$ 328,00 a tonelada que corresponde a média comercializada em julho deste ano. (Com AEN)


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