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O plantio está liberado de 11 de setembro a 31 de dezembro, dependendo da região do Estado. Com relação à área, a estimativa é de sejam plantados 5,5 milhões de hectares, número semelhante ao de 2018.
A safra de grãos 2018/19 do Paraná deve atingir 37,1 milhões de toneladas, de acordo com o relatório mais recente do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Apesar das quebras em algumas culturas na primeira safra, especialmente soja e feijão, ocasionadas pelo clima, a expectativa atual é de que a produção do Paraná na safra 18/19 seja 5% superior à safra 17/18, que foi de 34,5 milhões de toneladas.
“O contexto é de perspectivas positivas para o milho, cuja produtividade está com um bom potencial. Também vale destacar a estimativa de produção, maior do que na safra anterior”, diz o secretário de Estado da Agricultura Norberto Ortigara. “A expectativa para o feijão da segunda safra também é positiva, embora seja uma cultura suscetível a variações climáticas, e consequentemente os preços se tornam muito voláteis”, observa. “Há possibilidade de recuperação no outono/inverno, colocando aí talvez como a segunda maior safra da história do Paraná”.
De acordo com o chefe do Deral, Salatiel Turra, no início da safra os agricultores tiveram dificuldade devido à escassez de chuvas, que resultou em baixa produtividade nas maiores regiões produtoras de soja, principalmente no Oeste do Paraná. Depois, com o decorrer do ciclo da soja, a chuva dificultou a entrada das colhedoras em algumas regiões. “De uma forma geral, o plantio do milho da segunda safra está adiantado, na comparação com o ano passado, porém, em algumas regiões pontuais, as chuvas das últimas semanas atrapalharam os trabalhos”, explica Turra.
FEIJÃO – A primeira safra do feijão, já absorvida pelo mercado, teve uma redução de 23% na estimativa de produção, que no início era de cerca de 320 mil toneladas, e agora está em 246,8 mil toneladas. Essa redução pode ser explicada pelos problemas climáticos do período, como a seca, calor excessivo, e posteriormente a chuva e o frio, que causaram a perda de aproximadamente 74 mil toneladas.
Na segunda safra, o feijão apresenta boas perspectivas. A totalidade da área está plantada e com boas condições de campo. Este ano, a área aumentou cerca de 7%, em comparação com o ano passado, e chegou a 228,4 mil hectares. Já a produção está estimada em 436,1 mil toneladas, cerca de 57% superior ao obtido em 2018.
Estima-se que a produção seja satisfatória, sem previsão de quebras, embora a cultura seja especialmente sensível às variações climáticas. Os preços também estão positivos para o produtor.
Em março de 2018, a saca de 60 kg feijão-preto era comercializada a R$ 108,00 e agora a R$ 154,00 – um aumento de 43%. O crescimento foi ainda maior nos preços do feijão-carioca, quase 240%, passando de R$ 82,00 no ano passado para R$ 276,00 agora, reflexo da quebra nas principais regiões produtoras, como o Paraná, Goiás e Minas Gerais, segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido.
O aumento do preço do feijão, embora seja bom para o produtor, tem impacto direto na cesta básica, o que pode ser percebido no mercado brasileiro desde dezembro de 2018. Agora, com o fim das férias escolares, a demanda pelo produto voltou a aumentar.
SOJA – Cerca de 80% da área de 5,4 milhões de hectares cultivados nesta safra já está colhida. “Mesmo com problemas climáticos nas principais regiões produtoras, a colheita está dentro da média na comparação com o ano passado”, explica Garrido. Na comparação com o boletim do Deral do mês passado, houve redução na estimativa de produtividade da soja, depois da reavaliação de campo do Deral, passando de 16% para 18%.
No início da safra, a produção era estimada em 19,6 milhões de toneladas, e agora a expectativa é de 16,1 milhões. “Fatores climáticos como a seca e o excesso de calor desde o início de setembro, quando começou o plantio, ajudam a explicar esses números”, diz.
Na avaliação do Deral, o preço da saca de 60 kg da soja está satisfatório para os produtores, e se manteve próximo aos R$ 68,00, enquanto que em março do ano passado a saca era comercializada a R$ 69,00. Há tendência de variação nos preços, dependendo das relações comerciais e variações de mercado dos EUA, um dos principais produtores mundiais junto com o Brasil. Apesar da quebra da safra e redução de produção, os resultados ainda apontam para uma safra grande e satisfatória para o Paraná.
MILHO – A colheita do milho da primeira safra está quase finalizada. A produção, embora esteja um pouco abaixo do esperado, mostrou um desempenho melhor do que a soja. Os dados do Deral apontam aumento da disponibilidade do grão no Estado – a produção, de 3,1 milhões de toneladas, foi 7% maior do que na safra passada.
Comparativamente com o potencial inicial, a safra teve redução de 5%, pois a expectativa do Deral era que essa cultura atingisse 3,3 milhões de toneladas em condições de clima normais. A área do milho registrou aumento de 8%, passando de 330,7 mil hectares para 357,6 mil hectares.
O milho da segunda safra tem área estimada em 2,2 milhões de hectares, um crescimento de 6% em relação à safra 17/18, quando era de 2,1 milhões de hectares. O Deral estima a produção de 13 milhões de toneladas, 42% a mais do que na safra anterior, quando atingiu 9,1 milhões de toneladas.
A previsão é reflexo da boa condição climática neste momento do ano, e por isso espera-se que a produção possa até superar a expectativa inicial, de acordo com o técnico do Deral Edmar Gervásio. “Esse aumento percentual é significativo, principalmente porque a safra passada teve uma perda de produção em torno de 23%. Então, esses 42% representam uma recuperação do volume produzido no Paraná, além de um ganho de produtividade e área”, explica.
Os preços ao produtor nesta cultura continuam bons. A saca de 60 kg está sendo comercializada por R$ 30,00, 23% superior ao custo variável. “O cenário não indica que haverá grandes oscilações nos preços, e o mercado brasileiro terá um bom abastecimento do cereal”, completa.
TRIGO – A partir do mês que vem, os produtores devem começar a plantar o trigo. Os preços estão em torno de R$ 48,00 a saca de 60 kg, valor 37% acima dos praticados no mesmo período do ano passado. Os custos de produção também aumentaram, mas em escala menor, 18%, chegando a praticamente R$ 45,00 a saca. Os preços mínimos estabelecidos pelo governo federal também foram reajustados, passando de R$ 36,17 para R$ 40,57.
Essas informações são todas positivas para o produtor, e poderiam gerar um aumento da área plantada. No entanto, os números apontam uma redução de 6%, de 1,10 milhão de hectares para 1,04 milhão. “O desânimo momentâneo dos produtores brasileiros pode ser explicado por duas frustrações de safra consecutivas nos últimos anos e pelo recente aumento da competitividade argentina”, diz o engenheiro agrônomo do Deral Carlos Hugo Winckler Godinho.
O plantio deve se estender até julho, possibilitando que os produtores revejam seu planejamento, ou seja, há bastante indecisão ainda. Caso se confirme a área atual, a produção pode superar 3,3 milhões de toneladas, suficiente para abastecer todos moinhos paranaenses ao longo do ano safra. (Com AEN)