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A deputada bolsonarista, de Castro, nos Campos Gerais, é investigada no inquérito dos atos antidemocráticos.
Em matéria na coluna de Guilherme Amado, o site Metrópoles, de Brasília (DF), revela que a Polícia Federal identificou uma suposta prática de ‘rachadinha’ pela deputada Aline Sleutjes (PSL-PR), de Castro, nos Campos Gerais. A parlamentar recebeu cerca de R$ 150 mil de dois assessores, um ex-funcionário e a irmã de seu chefe de gabinete. Os dados, baseados na quebra de sigilo bancário da deputada analisada pela PF, constam do inquérito dos atos antidemocráticos.
Os delegados questionaram a deputada sobre esses repasses em um depoimento do inquérito. Sleutjes prestou um depoimento à Polícia Federal em 14 de setembro do ano passado, em Curitiba. Em 22 de outubro, enviou um documento com mais informações aos delegados.
Segundo o depoimento, a parlamentar obteve R$ 68 mil de Marcelo Vinicius Collere, seu atual chefe de gabinete, em 2019. Collere tem um salário na Câmara de R$ 15,7 mil.
A deputada afirmou à PF que concedeu, no início de 2019, um empréstimo de R$ 50 mil a seu chefe de gabinete por “necessidades pessoais decorrentes de dificuldades financeiras até assumir a função no gabinete da declarante”. Sleutjes acrescentou que esse empréstimo já foi quitado. A deputada disse ainda à PF que os R$ 68 mil recebidos de Collere se referiam a gastos de seu gabinete que seriam reembolsados pela Câmara.
A irmã do funcionário, Andressa Collere, também enviou dinheiro à parlamentar, em uma quantia não citada pelos delegados. Conforme a deputada, Andressa Collere era dona da malharia Be Happy, em Curitiba, e fazia camisetas para a equipe da deputada e eventos do Aliança pelo Brasil, partido que Jair Bolsonaro tentou criar. No mês seguinte ao depoimento, a defesa da deputada afirmou à PF que ela recebeu R$ 20,5 mil da irmã de seu funcionário. A maior parte dessa quantia teria sido feita a pedido do chefe de gabinete, para quitar sua dívida de R$ 50 mil com a parlamentar.
Outra transferência de recursos citada no depoimento foi de R$ 40 mil, realizada por Renan Gregory, assessor parlamentar da deputada até março de 2020, que tinha um salário de R$ 6,6 mil. Sleutjes respondeu que não se lembrava do motivo do repasse. Um mês depois, sua defesa disse que Renan Gregory intermediou a venda de seu carro.
Em outro trecho do depoimento da deputada bolsonarista, os delegados mencionaram um repasse de R$ 20 mil do assessor Davi Katzenwadel, cujo salário é R$ 7,8 mil. A parlamentar não explicou por que recebeu essa quantia e citou apenas que Katzenwadel era seu advogado.
No mês seguinte, sua defesa alegou que a deputada havia pedido para o funcionário fazer um depósito de R$ 20 mil recebido do marido da deputada, Luis Antonio Roberto, para “movimentação familiar”.
Aline Sleutjes é uma das 11 parlamentares bolsonaristas que tiveram o sigilo bancário levantado em junho de 2020 por ordem de Alexandre Moraes, que conduz o inquérito dos atos antidemocráticos. A quebra de sigilo foi solicitada pela PGR.
Os outros alvos foram Daniel Silveira, Carla Zambelli, Bia Kicis, Cabo Junio do Amaral, Caroline de Toni, Alê Silva, General Girão, Guiga Peixoto, do PSL; e Otoni de Paula, do PSC.
Procurada para comentar a investigação, Sleutjes não respondeu ao pedido de entrevista da coluna. (Com informações de Guilherme Amado e Eduardo Barretto, do Metrópoles)