30 de março de 2020

Paraná deverá produzir 41,2 milhões de toneladas de grãos

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Se os números totais se confirmarem, esta será a segunda maior safra de grãos da história do Paraná, atrás apenas da safra 16/17, quando o Estado colheu 41,7 milhões de toneladas.

A primeira estimativa da safra de inverno divulgada na última sexta-feira, 27, pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento aponta que a produção total de grãos no Paraná poderá chegar a 41,2 milhões de toneladas. Esse volume é 14% superior ao da safra 18/19, quando foram produzidas 36,2 milhões de toneladas. Os dados são do Departamento de Economia Rural (DERAL).

O relatório mostra uma evolução significativa da colheita da soja, que alcançou 85% da área estimada. Já a perspectiva de produção chegou a 20,7 milhões de toneladas, um recorde histórico para o Paraná, 28% maior do que o volume produzido na safra anterior. Com a evolução do milho safrinha, a área pode ter redução de 2%, porque houve atraso na colheita da soja, o que retardou a semeadura. Ainda assim, a produção deve superar 12 milhões de toneladas. “Mesmo na crise que estamos enfrentando, os trabalhos no meio rural continuam. Estamos recomendando a todos os agricultores e trabalhadores do setor o máximo de cautela e proteção”, diz o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara.

Se os números totais se confirmarem, esta será a segunda maior safra de grãos da história do Paraná, atrás apenas da safra 16/17, quando o Estado colheu 41,7 milhões de toneladas. “O recorde da safra 16/17 de grãos pode ser superado caso o Paraná apresente boas estimativas para a safra de trigo, que ainda não foi plantada”, explica o chefe do DERAL, Salatiel Turra. A primeira avaliação da safra de inverno mostra que os cereais de inverno retomaram o crescimento de área, com um aumento de 4%.

Ortigara ressalta que todas as providências estão sendo tomadas para buscar um bom desempenho nesta safra. “Neste momento, há uma normalidade no quadro de abastecimento de insumos, sementes, fertilizantes, rações, na recepção das safras, e no abate e transporte de animais. Temos uma boa perspectiva de safra combinada com preços interessantes”, disse o secretário.

SOJA – Os números do levantamento deste mês mostram que os produtores paranaenses já colheram mais de 85% da área total estimada para o ciclo 19/20. Foram colhidos aproximadamente 4,67 milhões de hectares da área total, estimada em 5,47 milhões. No mesmo período do ano passado, haviam sido colhidos cerca de 80% da área semeada. Na média das últimas três safras, o índice foi de 87%. A produção esperada para a safra 19/20 é de aproximadamente 20,7 milhões de toneladas, um volume 28% superior à de 18/19 e que, caso se confirme, será recorde.

Mesmo com atraso no início do plantio, o clima colaborou para manter a produtividade acima da média inicialmente estimada. Os números apontam para uma produtividade média de 3,8 mil kg por hectare. Esse volume é aproximadamente 27% superior ao da safra 18/19, severamente atingida por adversidades climáticas como a seca.

No mês de março, o clima mais seco contribuiu para acelerar a colheita da soja no Paraná. Mas a escassez de chuvas preocupa uma parcela dos produtores, pois pode interferir na produtividade final de algumas regiões

Com relação aos preços, neste mês os produtores receberam, em média, aproximadamente R$ 83,00 pela saca de 60 kg de soja, valor cerca de 6% superior aos R$ 78,00 recebidos em fevereiro. Este é o maior preço médio nominal mensal recebido pelos produtores no Paraná. Entre os fatores que explicam esse cenário está principalmente a demanda maior da China, basicamente nos EUA e no Brasil. Além disso, com relação ao Brasil, outro fator que contribui é a relação cambial. “O dólar na casa de R$ 5,00 tem tornado a soja brasileira cada vez mais atraente para o mercado internacional”, explica o economista do DERAL, Marcelo Garrido.

Outro destaque deste relatório é a comercialização, que até agora atingiu 54% da produção estimada para esta safra. No mesmo período do ano anterior, o índice era de 35%. Na média das últimas três safras, o volume comercializado no período foi de 39%.

FEIJÃO SEGUNDA SAFRA – A produção paranaense de feijão na segunda safra deve somar aproximadamente 432 mil toneladas, o que representa um aumento de 20% comparativamente ao ano anterior, e uma redução de 6% da área plantada.

O plantio da segunda safra 19/20 ocorreu em janeiro, fevereiro e março, um período caracterizado por poucas chuvas. A instabilidade climática preocupa os agricultores, já que 70% das lavouras estão em boas condições, 24% em condições medianas e 6% em condições ruins. “Até este momento, somente 72 hectares foram colhidos na região de Cornélio Procópio, mas ainda é cedo para uma estimativa da produção e qualidade do produto nesta safra”, diz o engenheiro agrônomo do DERAL, Carlos Alberto Salvador.

Observa-se uma alta expressiva de 26% nos preços recebidos do feijão-cores entre os meses de fevereiro e março. De acordo com o DERAL, os produtores receberam em fevereiro o preço médio de aproximadamente R$ 174,65 e, em março, R$ 219,92. “Esta alta dos preços no feijão-cores explica-se pelas incertezas climáticas que podem afetar a produção de feijão no Paraná”, diz Salvador. Com relação ao feijão-preto, em fevereiro a saca de 60 kg foi comercializada a R$ 127,32 e em março, a R$ 145,41.

MILHO PRIMEIRA SAFRA – A colheita da primeira safra de milho avançou no Paraná e nesta semana atingiu 76% de uma área total de 352 mil hectares. A produtividade média obtida está superior ao inicialmente esperado, chegando a mais de 10 mil quilos por hectare. Assim espera-se uma produção em torno de 3,5 milhões de toneladas.

MILHO SEGUNDA SAFRA – A segunda safra de milho caminha para a conclusão do plantio. O percentual plantado atingiu, neste mês, 95% de um total de 2,2 milhões de hectares. O restante de área a plantar concentra-se na região Norte do Estado, que naturalmente planta mais tarde.

A produção esperada inicialmente para esta safra é de 12,5 milhões de toneladas, e as condições gerais da lavoura de milho no campo são boas para 90% da área plantada. “Situações pontuais como a ausência de chuva por vários dias causaram certa apreensão.

Contudo, neste momento a maioria das lavouras tem seu potencial produtivo mantido e produção esperada dentro do intervalo inicial”, explica o técnico Edmar Gervásio.

Segundo o técnico do DERAL, a condição de mercado para o milho é estável e neste momento apresenta preços superiores a R$ 40,00 a saca de 60 quilos. Entretanto, a incerteza do cenário econômico para próximos meses pode gerar restrições comerciais com outros países, refletindo na exportação paranaense. Com isso, existe a possibilidade de pressão nos preços no mercado doméstico, que terá um maior volume disponível do cereal.

TRIGO – O trigo confirmou o aumento de área esperado nesta primeira estimativa, de 1,03 para 1,07 milhão de hectares. Caso a produtividade mantenha-se próxima da normalidade, a produção pode chegar a 3,5 milhões de toneladas, 63% acima dos 2,1 milhões produzidos no ano passado, quando as lavouras foram prejudicadas pelas geadas.

O aumento de 5% na área justifica-se pela cotação atual – R$54,00 a saca de 60 kg na média de março, o maior patamar em termos nominais da história, um crescimento de 7% no último mês. Este preço tem sido impulsionado especialmente pelo dólar alto, pelo período de entressafra e, mais recentemente, pela preocupação mundial em estocar alimentos por causa da pandemia de Covid-19. Por outro lado, os mesmos fatores levaram o milho a preços muito competitivos, o que limitou o incremento da área do trigo. “Isso fica claro na regionalização das variações. No Oeste, onde a janela de plantio do milho foi perdida com o atraso do plantio da soja, houve incremento da área do trigo. A área cresceu também no Sul, já que as geadas impedem um cultivo mais significativo do milho. Por outro lado, no Sudoeste, onde predominou o plantio de milho, o trigo teve redução de área”, afirma o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Winckler Godinho.

Na comparação com março de 2019 (R$ 48,32), o preço da saca subiu 12%. O valor também está acima dos custos variáveis, estimados em aproximadamente R$ 46,00 por saca em fevereiro de 2020. O preço do Paraná é bastante competitivo em relação aos países de onde o estado importa trigo, especialmente a Argentina, o que deixa o consumidor em alerta, já que até setembro, quando iniciar a colheita, o Paraná estará comprando trigo em patamares recordes em Real. “Isso já mostra os primeiros reflexos no preço do pão, que valorizou 7% no período de março de 2019 a março de 2020, chegando a 8,81 o kg do francês. No entanto, vale dizer que não só o trigo colaborou com essa valorização, mas também o aumento do custo da energia elétrica”, explica o engenheiro agrônomo.

CEVADA – O primeiro levantamento da cultura da cevada para a safra de 2020 mostra uma área de 62,6 mil hectares, 3,6 % maior em comparação a 2019. Já a produção, estimada de 286,6 mil toneladas, representa um crescimento de 17,5 %. “O aumento da produção nesta safra deve-se a uma pequena quebra em 2019, quando a seca prejudicou a cultura”, diz o engenheiro agrônomo Rogério Nogueira. Na região de Guarapuava, principal região produtora no Estado, a área de 35 mil hectares é 6,7% superior a 2019. Neste núcleo, onde está localizada a cooperativa Agrária, principal compradora da cevada do Paraná, 50% da produção já está comercializada. E na região de Ponta Grossa, segunda maior produtora de cevada do Paraná, a previsão é de 17 mil hectares da cultura, área semelhante a de 2019.

MANDIOCA – Estima-se área de 141,6 mil hectares para a safra 19/20, 4% maior se comparada ao ano passado. A produção esperada é de 3,5 milhões de toneladas, 9% a mais do que na safra anterior. “A colheita vem se desenvolvendo normalmente, apesar da estiagem que já atinge alguns municípios produtores. Se a falta de chuvas persistir, os trabalhos com a colheita serão dificultados e o custo de produção vai crescer”, explica o economista Methodio Groxko.

Nas últimas semanas, os preços apresentaram uma pequena evolução, e os produtores estão recebendo, em média, R$ 388,00 por tonelada do produto colocada nas indústrias. Esse valor representa um crescimento de 9% em comparação ao mês de março de 2019. No atacado, a saca de 25 kg da fécula está sendo comercializada a R$ 58,00, e a saca de 50 kg de farinha por R$ 85,00. (Com AEN)


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