20 de outubro de 2020

MPPR e MPF ajuízam ação civil pública para a suspensão de obras de linhas de transmissão

Arquivo

Ao longo das últimas décadas, companhia levou conforto e qualidade de vida a todo o Estado com investimentos na ampliação e modernização da infraestrutura elétrica.

O Ministério Público do Paraná, em conjunto com o Ministério Público Federal, ingressou na Justiça Federal para requerer a suspensão das obras relacionadas à implantação do “Sistema de Transmissão Gralha Azul”, empreendimento que prevê a construção de mil quilômetros de linhas de transmissão de energia elétrica com expressivo impacto ambiental em diversos municípios paranaenses. A ação civil pública foi ajuizada na última sexta-feira, 16, e requer, liminarmente, a suspensão de todas as licenças (prévias, de instalação e de operação, se houver) e autorizações ambientais expedidas pelos órgãos em favor da concessionária, considerando os sete grupos de licenciamento do empreendimento. São requeridos na ação a concessionária responsável pelas obras, o Instituto Água e Terra do Paraná (IAT) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Anteriormente, dois destes sete grupos da concessão (referente aos trechos Manoel Ribas-Ponta Grossa e Ponta Grossa-Campo Magro) já haviam sido suspensos por força de liminar expedida no âmbito de ação civil pública ajuizada por Organizações Não-Governamentais, na qual o Ministério Público reforçou a necessidade de suspensão das obras em decorrência dos impactos causados.

Na ação mais recente, o MPPR – representado pelas Regionais de Curitiba, Ponta Grossa e União da Vitória dos Grupos de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema) – e o MPF também requerem ao Juízo a decretação de liminar para que os órgãos públicos citados abstenham-se de emitir novas autorizações ao negócio e que a empresa concessionária deixe de praticar qualquer ato voltado à implantação ou construção de instalações relacionadas à linha de transmissão, especialmente aqueles que envolvam supressão de vegetação.

A ação proposta demonstra diversas irregularidades no processo de emissão das autorizações ambientais, entre elas o fracionamento dos estudos ambientais realizados, o que compromete a real compreensão dos impactos causados e que se mostraram, conforme trecho dos autos, “imprestáveis para um diagnóstico ambiental cientificamente válido e verdadeiro”.

DESMATAMENTO – De acordo com inventários florestais apresentados pela própria concessionária e autorizações de desmatamento já emitidas pelo IAT, as obras acarretariam o desmatamento de uma área total de 218,7 hectares (o que equivale a mais de 312 campos de futebol), com a supressão de mais de 200 mil árvores nativas, incluindo 14 mil araucárias, em pleno Bioma Mata Atlântica. Na ação, MPPR e MPF sustentam que, em que pese a abrangência dos impactos a serem causados, “o IAT simplesmente dispensou a empresa de submeter todo o seu empreendimento aos rigores de análise do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)”. Além disso, outra ilegalidade apontada nos autos é a de que “há, no licenciamento ambiental, patente ausência e insuficiência das compensações em relação aos impactos socioambientais do empreendimento, em especial aos danos e impactos decorrentes do corte e supressão de 23.398 espécimes da flora ameaçadas de extinção”. Para o caso de descumprimento, é pleiteada a aplicação de multa diária de R$ 20 milhões, valor calculado tendo como base o total do orçamento do empreendimento, que é superior a R$ 2 bilhões. A ação conjunta foi proposta após tentativas de composição entre os Ministérios Públicos e os agentes envolvidos na busca de compensações proporcionais aos impactos causados, o que não foi alcançado.

Escarpa Devoniana – Parte das obras pretendidas para a construção do Sistema Gralha Azul afetará a Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana, maior Unidade de Conservação do Paraná, localizada entre os Campos Gerais e a Região Metropolitana de Curitiba e que abriga importantes formações geológicas, com campos nativos e florestas de araucárias.

NOTIFICAÇÕES – Em resposta à ação, a 11ª Vara Federal de Curitiba oficiou nesta segunda-feira, 19 de outubro, os órgãos requeridos para que, no prazo de três dias, manifestem-se acerca dos pedidos de liminares propostos.

MÉRITO – No mérito da ação, MPPR e MPF pedem que o processo de licenciamento ambiental para a construção do empreendimento seja reiniciado, com a apresentação, pela empresa concessionária, de novos estudos de impacto ambiental “que observem metodologias de análise ambiental tecnicamente claras e confiáveis, e cientificamente válidas”. Outro pedido é pela condenação dos três entes requeridos para que assumam, solidariamente, a recuperação das áreas já degradadas, bem como o pagamento de indenização e compensação pelos danos causados, tanto os de natureza material como os danos morais coletivos eventualmente provocados. (Com assessoria)


Compartilhe



Últimas notícias

Divulgação

29 de novembro de 2024

Portos do Paraná publica edital de licitação para o arrendamento da área PAR15

Divulgação

29 de novembro de 2024

Prefeitos de Ipiranga e Imbaú concorrem à presidência da AMCG

Arquivo

29 de novembro de 2024

Marcelo Rangel deve sofrer nova derrota com Maurício Silva na disputa da presidência da Câmara

Divulgação

27 de novembro de 2024

Neto Fadel descarregou de forma cruel pistola em Guilherme, afirma família do empresário

Ver mais

Mais Lidas

Arquivo

11 de janeiro de 2017

Prefeitura quebrada, cidade abandonada e Rangel de malas prontas para cruzeiro no Caribe

Divulgação

8 de outubro de 2018

Conheça os 54 deputados estaduais eleitos no Paraná

Arquivo

31 de março de 2020

Ratinho Junior libera igrejas e outras atividades consideradas essenciais no Paraná

Divulgação

ORTIGUEIRA

24 de janeiro de 2022

“2022 deve ser um ano de mais vitórias”, afirma Ary Mattos