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A família do empresário Guilherme Becher contesta a versão de legítima defesa apresentada pelo presidente da Câmara Municipal de Castro, Neto Fadel, e critica a soltura do político pela Polícia Civil, tendo ouvido apenas o depoimento do vereador e testemunhas ligadas a ele, defendendo que a prisão em flagrante deveria ter sido mantida.
Familiares do empresário Guilherme de Quadros Becher, morto a tiros pelo presidente da Câmara Municipal de Castro, Miguel Zahdi Neto – Neto Fadel (PSD), na quarta-feira, 20, em Ponta Grossa, decidiram quebrar o silêncio e contestam a versão de legítima defesa apresentada pelo político. A família Becher também critica a soltura de Neto Fadel pela Polícia Civil, tendo ouvido apenas o depoimento do vereador e testemunhas ligadas a ele, defendendo que a prisão em flagrante deveria ter sido mantida.
“Meu coração está despedaçado a dor é imensa, mas vou ter que ter força para escrever e retirar injustiças, pessoas julgando apenas pela versão do assassino, ‘legítima defesa’: mentira”, escreveu nas suas redes sociais a mãe de Guilherme, que presenciou os fatos. “Não desejo a ninguém, uma mãe ver seu filho assassinato desta forma cruel. Ele caído ao chão e continuar atirando. Meu filho era uma pessoa íntegra, bom, amado por todos, clientes, funcionários e amigos”, revelou Joesi Becher. “Não vai ser fácil nós, eu, seu pai e irmão viver sem você, eternamente será nosso amor! Que Deus te acolha meu filho! E obrigada a todos pelo carinho e amor a nós dedicado”, concluiu o desabafo a mãe.
A defesa da família da vítima disse que os familiares estão abalados e que “a verdade será revelada”. “A família lamenta profundamente que a autoridade policial não tenha mantido a prisão em flagrante ao menos até colher declarações e depoimentos sobre o outro lado da história, aguardando o laudo de necropsia – que ainda não saiu – deixando que a autoridade judicial, ouvido o Ministério Público, decidisse sobre a soltura”, afirma o advogado Jairo Baluta.
Guilherme Becher foi velado e enterrado ontem em Ponta Grossa. Um grande número de pessoas se reuniu para prestar uma última homenagem ao empresário.
INVESTIGAÇÕES – Já a defesa do vereador afirma que ele agiu em legítima defesa e ressalta que ele prestou socorro à vítima e permaneceu no local, à disposição das autoridades.
Pelo menos 15 tiros foram disparados na noite em que o empresário Guilherme Becher morreu baleado pelo vereador Neto Fadel.
A informação é do delegado Luiz Gustavo Timossi. Segundo ele, indícios como munições encontradas no local apontam que Fadel atirou no mínimo 10 vezes e Becher deu pelo menos 5 disparos.
O delegado também afirma que aguarda os resultados da perícia das armas para confirmar os números e o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) para atestar quantos tiros atingiram Becher para, então, definir se o inquérito continua considerando que Fadel agiu em legítima defesa, ou não.
Agora, o delegado pretende ouvir familiares de Becher, que segundo ele não quiseram comparecer na delegacia após a ocorrência.
MORTE – O caso aconteceu na noite de quarta-feira, após um desentendimento entre o vereador e o empresário, que eram vizinhos em um condomínio de chácaras de Ponta Grossa – cidade que fica a cerca de 48 km de Castro.
O estopim, segundo a Polícia Civil, foram barulhos feitos por crianças da família do vereador. Após uma discussão, Becher atirou diversas vezes em direção à chácara de Fadel, que atirou de volta na direção do imóvel vizinho e atingiu o empresário.
O delegado afirma que, logo após o ocorrido, Fadel foi ouvido e liberado sem ser autuado porque, preliminarmente, “há indícios de que ele tenha atuado em legítima defesa”.