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O Fenata é o festival mais antigo do Brasil, realizado sem interrupções. Em 2019, chegou a cerca de 20 mil pessoas com 99 espetáculos que mobilizaram 112 atores e 52 técnicos.
A premiação do 47º Festival Nacional de Teatro (Fenata) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) aconteceu na noite de ontem, 27, no Cine Teatro Ópera. Após a divulgação dos vencedores, o público, que lotou o teatro, assistiu à peça de encerramento, “Processo do Conscerto do Desejo”, dirigido e encenado por Matheus Nachtergaele.
Depois de levar muitos às lágrimas, Matheus conduziu o público ao êxtase convidando pessoas da plateia a cantar e dançar no palco com ele e com os músicos Luã Belik e Rafael Belo. Tantas emoções extremas são explicadas por Matheus. “A minha mãe faleceu quando eu tinha 3 meses. Ela se matou. Morreu de maneira trágica e eu, por muitos anos, não soube o que havia acontecido. Aos 16 anos, meu pai me chamou para um fim de semana trágico e inesquecível na casa da praia. Ele me entregou uma pasta com os poemas de minha mãe. Depois disso, eu me descobri através dos textos de Maria Cecília”. Ele fala que demorou a descobrir como transformar os textos num espetáculo e que a cada nova encenação se redescobre. “Os poemas me deixam entrever a alma da minha mãe e toda vez que faço este espetáculo alguma coisa me morde, uma palavra que ainda não tinha percebido ou uma frase”, diz.
Ana Paula Kozlowski, 21 anos, confessou que ficou emocionada. “Experimentei diferentes sensações na mesma peça e me identifiquei muito com os poemas da mãe do Matheus Nachtergaele. Chorei muito”, diz.
PREMIAÇÃO – A grande vencedora da noite foi a peça “Para contar estrelas”, última a ser encenada na Mostra Infantil, na tarde do domingo, 27, no Cine Teatro Pax. O grupo Cirandela, de Criciúma, Santa Catarina, veio de uma maratona de apresentações na Mostra Especial e levou para casa os troféus de Melhor Espetáculo, Melhor Sonoplastia e Melhor Cenografia, com troféu para Bruno Andrade e Priscila Schaucoski. Outro prêmio foi de Melhor Direção, para Reveraldo Joaquim e Yonara Marques.
Para a coordenadora da Mostra Infantil, Elisângela Schimidt, foi uma conquista, merecida, da Cia Cirandela. “O trabalho deles encantou todo o público, crianças e o adultos presentes na plateia”. Ela comenta que “a mostra infantil tem esse poder, de transmitir mensagens importantes de maneiras singelas e emocionantes, mas nunca simples. Trabalhamos para a formação do público, proporcionando crescimento pessoal e novas vivências às crianças que comparecerem ao teatro”, diz.
O Prêmio do Júri popular e Prêmio Especial do Júri foram para o Grupo de Teatro Cidade de Ponta Grossa, com a peça Shakespeare Paixão e Poesia. A peça, além de ser indicada para outras categorias, foi premiada também com Melhor Iluminação, com troféu para Carlos Alexandre Martins.
A peça “Estado de Sítio” ganhou destaque pelas atuações de Mauro Celso Barbosa, escolhido como Melhor Ator, e Lala Machado, Melhor Atriz Coadjuvante. O Prêmio de Melhor Atriz na categoria Teatro Adulto foi para Dina Mari, do espetáculo “A Receita”.
Outro destaque da premiação foi a peça “Ói Lá Inezita”, que levou para casa Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante pela atuação de Fabiano Amigucci. A peça conquistou também o Prêmio de Melhor Atriz teatro Infantil, com a atuação de Jaqueline Cardoso, Prêmio de Melhor Figurino para Adbailson Cuba (Ói Lá, Inezita) e Prêmio de Texto Original.
Os prêmios especiais do júri foram para o Centro de Estudos Cênicos Integrados (Ceci), pelos serviços de formação prestados à cidade de Ponta Grossa, e para o Grupo de Teatro Cidade de Ponta Grossa, pelo significado e importância de sua criação para a cultura da Cidade.
Marcio Campos (43 anos) é de Belém do Pará e está há dez meses em Ponta Grossa. “Adorei o Fenata. Assisti a três peças, todas muito bem apresentadas e muito bem concebidas. Elas me surpreenderam e espero voltar no ano que vem”.
NÚMEROS – O Fenata é o festival mais antigo do Brasil, realizado sem interrupções. Em 2019, chegou a cerca de 20 mil pessoas com 99 espetáculos que mobilizaram 112 atores e 52 técnicos. Além dos espaços públicos, como ruas e praças, o Fenata chegou a 80 escolas e instituições. Somente na UEPG, 60 pessoas trabalharam na organização.
Para a coordenadora do Festival, Sandra Borsoi, como em todos os anos, o 47º Fenata mais uma vez trouxe beleza, emoção, compreensão e poesia para diversos palcos e espaços públicos da cidade.
O diretor da Fauepg, Sinvaldo Baglie, destacou no seu discurso durante a premiação o fato do Fenata atingir os mais diferentes públicos, crianças, jovens e idosos, além chegar às pessoas que, por vezes, estão distraidamente nas ruas e praças e são interpeladas pela arte.
No que se refere também ao alcance do Festival, o reitor Miguel Sanches Neto afirma que “ofertar fruição artística, criando condições de público para atores, diretores e produtores de teatro, é mais do que uma questão de política cultural, é uma questão de sobrevivência da educação como espaço livre, aberto a todas as visões de mundo”.
MOSTRA ESPECIAL – Além dos espetáculos que competiam no Festival, o Fenata realizou a Mostra Especial, que, em quatro dias de apresentações, realizou 80 apresentações teatrais. Nove artistas se apresentaram em Escolas Públicas, Municipais, CMEI, Penitenciárias, Asilos, APAE. De acordo com a coordenadora da Mostra, Adriana Suarez, esta parte do Fenata é responsável por levar o teatro a lugares mais diversificados possíveis, atingindo ao grande objetivo do Fenata: Teatro em todos os lugares, Teatro a todos.
Na última sexta-feira, 25, com o fim da Mostra, foi realizada uma roda de conversa com os artistas em que relatam que, apesar de ser cansativo, pelas 16 apresentações que compreende a Mostra, o retorno em sorrisos das crianças, idosos, adultos revigora o corpo e a mente. Eles relatam que a experiência de estar em vários lugares, com um público diversificado, não há palavras para expressar o sentimento. “Gratidão ao Fenata. Gratidão pela experiência”, relatam. (Com assessoria)