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Em entrevista, o secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, fala sobre o planejamento do Governo do Estado desde o início da gestão e frutos já colhidos. Ele ressaltou o leilão dos aeroportos, os preparativos para levar a leilão a Nova Ferroeste e o novo traçado rodoviário do Estado.
Localizado em um ponto privilegiado no mapa, que permite acessos aos principais centros consumidores e produtores do Brasil e do Mercosul, o Paraná se prepara para se tornar a grande central logística da América do Sul. São investimentos bilionários em diferentes modais logísticos: das estradas aos trilhos, dos portos aos aeroportos. O ano de 2021 será um marco nesse processo, fruto de um planejamento que é executado desde o início da gestão do governador Ratinho Junior (PSD).
Em entrevista, o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, ressalta que os projetos na área são ambiciosos, já preparando o Estado para os próximos 30 anos. Isso inclui as novas concessões rodoviárias, que preveem 1.700 quilômetros de rodovias duplicadas nos primeiros anos de contrato; um novo traçado férreo de 1.285 quilômetros ligando Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá, e os investimentos do próprio porto para atender a demanda ferroviária.
O secretário destaca como esses corredores logísticos visam garantir a mobilidade e o atendimento à produção paranaense nas próximas décadas. “Estamos de olho no futuro, mas com o pensamento focado no presente. Os planejamentos que fazemos desde o início do governo, atuando em várias frentes e vários modais, já está colhendo resultados positivos”, afirma.
“Se hoje investimos R$ 5 bilhões em infraestrutura, a projeção para a próxima década é de R$ 50 bilhões, um volume que vai marcar a história do Estado e acompanhar o crescimento do agronegócio e a atração de indústrias para o Paraná. A projeção é que o Estado se torne um grande canteiro de obras na próxima década”, salienta Sandro Alex.
A largada já foi dada no início deste mês, quando quatro aeroportos do Paraná foram levados a leilão na Bolsa de Valores do Brasil (B3). Em um trabalho conjunto entre o Governo do Estado, o Ministério da Infraestrutura e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com apoio do setor produtivo, garantiu investimentos importantes nos terminais, como a construção da terceira pista do Aeroporto Internacional Afonso Pena. O resultado veio no martelo: o Bloco Sul, que tinha os aeroportos paranaenses como os principais ativos, foi arrematado com ágio de 1.534%.
Uma das promessas da atual gestão é posicionar o Paraná como o hub logístico da América do Sul. Como o Estado avançou nesse sentido?
Estamos em uma fase de colheita de projetos e planejamentos que fizemos já no início do governo, atuando em várias frentes e vários modais. Mesmo com a pandemia estamos colhendo resultados positivos. Quando o governador Ratinho Junior fala que o Paraná é um grande centro logístico do Brasil, ele está tratando de todos os modais – rodoviário, ferroviário, aéreo – e os portos. Já cumprimos agora o que planejamos no início da gestão. A infraestrutura é fundamental para o desenvolvimento do Estado, porque ninguém investe em uma região que não tem logística. Hoje o Paraná está em obras, mas nos próximos anos será um verdadeiro canteiro de obras, com investimentos bilionários nos aeroportos, nas ferrovias e nas rodovias. É um volume gigantesco, se hoje investimos R$ 5 bilhões em infraestrutura, a projeção para a próxima década é de R$ 50 bilhões, um volume que vai marcar a história do Estado, que vai acompanhar o crescimento do agronegócio e a atração de indústrias para o Paraná.
Qual a sua avaliação sobre o leilão dos aeroportos, como a nova concessão vai impactar na logística estadual?
O resultado do leilão dos aeroportos não é fruto de um trabalho recente, mas de uma discussão iniciada em 2019. O leilão começou com o Governo elencando quais aeroportos passariam à concessão privada, sendo definidos o Afonso Pena, Londrina, Foz do Iguaçu e o Bacacheri, com uma construção do Estado para garantir investimentos nesses terminais. A batida do martelo resultou em um grande ágio, mas estávamos focados, até então, no volume de investimentos nos aeroportos, queríamos essa garantia. O Governo do Paraná trabalhou ao longo dos últimos meses para garantir a inclusão da terceira pista em Curitiba, o ILS (sistema de pouso ou aterragem por instrumentos) e a ampliação do terminal de passageiros de Londrina e o avanço dos investimentos que já estávamos fazendo no Aeroporto de Foz do Iguaçu, que ganhou a ampliação da pista mesmo com o andamento do leilão. Tudo isso chamou atenção na disputa e deu um grande ganho na batida do martelo. É uma consequência de um trabalho bem-feito pelo Paraná, que defendeu na consulta pública a construção da terceira pista mais de um ano atrás. Houve um trabalho das entidades e do governo, que atuaram em um momento adequado e de maneira legal para garantir a execução dessas obras, pois sabíamos da importância para os próximos 30 anos. O Paraná vai se transformar em um grande hub aéreo, com uma das principais malhas do País, vai ter uma categoria de aeroporto idêntica ao maior da América Latina, que é o de Guarulhos. Falamos de um aeroporto com capacidade para aeronaves de qualquer porte de voos internacionais, um ganho espetacular para o Aeroporto Afonso Pena.
O Lote Sul do leilão, do qual os aeroportos paranaenses fizeram parte, contava com outros aeródromos menores. Isso de alguma forma interfere nos investimentos no Estado?
A União faz um investimento cruzado entre aeroportos que têm grande expectativa e outros que não têm uma demanda tão grande. O que tínhamos que fazer naquele momento não era brigar para separar, porque a União trabalha com a região toda e queria garantir investimentos em outros aeródromos que sozinhos não se viabilizam. Como éramos a joia da coroa, procuramos naquele momento receber a atenção devida, para garantir que tivéssemos investimentos à altura da capacidade dos nossos aeroportos. O fato deles terem sido arrematados com outros estados não impediu de incluir no projeto a ampliação de capacidade dos nossos aeroportos, inclusive no Aeroporto do Bacacheri, que terá uma ampliação para receber aviões maiores. O Paraná, que tinha as estrelas do lote, puxou os demais. Saímos muito felizes porque fomos valorizados. A Secretaria de Aviação Civil, o Ministério da Infraestrutura e a Anac perceberam que o Estado tinha demanda para os próximos 30 anos para receber esses investimentos, mas é claro que houve uma defesa técnica e política, muito trabalho realizado em Brasília para que pudéssemos chegar a esse momento.
O Estado chegou a implantar um programa de aviação regional, que foi interrompido pela pandemia. Quais são os planos futuros com relação ao Voe Paraná?
O Voe Paraná foi um programa extremamente bem-sucedido e se transformou no maior programa de aviação regional do Brasil, tanto que o Paraná chegou a ter a maior malha aérea regional brasileira. Claro que as restrições de voos, com cancelamentos mundiais, impactaram ainda mais nos aeroportos menores. Mas estamos prontos para retomar assim que voltarmos à normalidade. A ampliação de capacidade dos aeroportos de Foz do Iguaçu, Londrina e Curitiba também vai refletir nesse programa, porque, como ocorreu naquele primeiro momento, agregaremos dezenas de voos a eles, além de garantir que cheguem em Guaíra, Pato Branco, Ponta Grossa e inúmeras cidades. Estamos prontos para retomar, já temos negociação adiantada com as empresas, mas neste momento delicado ainda não há como avaliar precisamente o retorno. Mas assim que tivermos uma estabilização da Covid-19, não temos dúvidas de que estaremos novamente com o programa em ação.
O senhor comentou que o Paraná e o governo federal mantêm grande parceria na infraestrutura. Um exemplo é o apoio da Itaipu em obras no Estado, o que tem sido feito?
O início da parceria com o governo federal foi com a segunda ponte em Foz do Iguaçu ligando o Brasil ao Paraguai. O governo federal estava impedido de fazer a obra com recursos de Itaipu e nós levamos a solução, fazendo com que a gestão ficasse com o Governo do Paraná, que tocaria a obra. Então o projeto é do governo federal, o recurso é da Itaipu e a gestão do Governo do Estado. Isso deu tão certo que eles resolveram ampliar com novas obras, como a duplicação da Rodovia das Cataratas, ampliação da pista do Aeroporto de Foz do Iguaçu, construção do contorno e da nova ponte em Guaíra, de um contorno em Cascavel, a pavimentação da Estrada da Boiadeira e outras obras que estão em execução. O Estado levou soluções para conseguirmos fazer esses projetos avançarem em várias mãos. O maior beneficiado é o brasileiro, o paranaense, que viram a continuidade de obras que poderiam estar paradas.
Outros modais paranaenses devem ir a leilão na B3 ainda neste ano. Um deles é a Nova Ferroeste. Como o investimento em ferrovias pode diminuir os custos e transformar a logística estadual?
De todos os projetos do governo Ratinho Junior, o mais audacioso é o ferroviário. Estamos falando de um modal que há décadas é discutido, que ainda não tinha saído do papel, mas que conseguimos avançar. Primeiro demos à Ferroeste uma nova gestão, e depois de década ela passou a operar no azul, conseguimos dar lucro a uma empresa que em toda a sua história deu prejuízo. Com eficiência e trabalho, mostramos que é uma empresa lucrativa, dando um norte ao mercado para mostrar que não é nosso patinho feio, mas a cereja do bolo. Então a incluímos no Programa de Parceria de Investimentos (PPI) do governo federal, a única concessão estadual presente no PPI, pela importância que ela tem no traçado Maracaju-Paranaguá. Avançamos em um diálogo muito bom com o Governo do Mato Grosso do Sul, conseguimos fazer o EVTEA, o EIA-RIMA e estamos fazendo o valuation para que possamos levá-la para a B3.
Segundo o Ministério da Infraestrutura, já há investidores interessados na Ferroeste. Com isso vamos trazer uma maior eficiência para o setor produtivo, com redução de custos e um volume maior de cargas chegando ao Porto de Paranaguá. Para isso, o porto já começa sua lição de casa e está investindo R$ 1 bilhão no novo moegão. Hoje, 80% das cargas chegam pelas rodovias, e a previsão é de inversão nos próximos anos com a ferrovia. Esperamos cumprir o calendário e colocar a nova Nova Ferroeste na Bolsa ainda neste ano. Os estudos demonstram que temos demanda, teremos carga e temos hoje um objetivo a cumprir, que é prazo. Estamos correndo com o tempo. O investimento no modal ferroviário vai melhorar e muito a infraestrutura do Estado, a mobilidade e a logística dos nossos produtos. Estamos correndo com a eficiência desde agora para mostrar ao mercado que temos investimento e planejamento.
O principal projeto no Estado são as novas concessões rodoviárias, com uma modelagem que atenda os interesses do Estado e não onere o cidadão paranaense. Como esse modelo está sendo construído?
O modal rodoviário é o mais importante e, ao longo das últimas décadas, ficou refém de um contrato mal conduzido. Agora temos a oportunidade de criar uma modelagem que possa garantir a mobilidade, a logística e a infraestrutura necessárias para o crescimento do Estado para os próximos 30 anos. Nosso papel é garantir que teremos menores tarifas, maior transparência e a certeza de que essas obras vão acontecer no menor prazo possível. Todas as discussões do passado continuam, o Estado não abre mão de pedir a reparação de danos causados pelas empresas e que as obras sejam realizadas, e o que não foi feito seja devolvido ao povo paranaense. O novo desenho das rodovias que fizemos transforma o Paraná em um verdadeiro corredor de exportação, ligando com os outros estados e o Porto de Paranaguá a todas as regiões paranaenses. São rodovias federais e estaduais importantes, por isso a necessidade de um modelo que seja bom para ambas. No anterior, não tínhamos todas as regiões contempladas, então ampliamos com volume maior de rodovias porque a população assim exigiu: que o Norte Pioneiro, o Sudoeste e o Noroeste estivessem lá, regiões importantes também tivessem logística para o porto. Essa ampliação foi discutida com o governo federal, que desenvolve o estudo e quer evitar que sejam repetidos os erros cometidos no passado. Para acertar tudo isso é necessário diálogo, empenho, estudo e muito equilíbrio.
O programa é desenhado em cima de três pilares: transparência, por isso o leilão será feito na B3, com o mercado participando em uma disputa mundial; o menor preço, com a defesa do Governo do Paraná para que não haja uma limitação nos descontos; e também a garantia das obras. Em muitos estados houve a discussão sobre o preço, que foi reduzido, mas as obras não aconteceram. Queremos que reduza, mas também queremos a garantia de que as obras aconteçam já no início do contrato. O governo federal está em processo de construção do projeto antes de dar o parecer final. Junto com o setor produtivo, através do G7, o Governo do Paraná elaborou um modelo que contempla o que a população nos exige: o menor valor na tarifa de pedágio.
O que prevê esse projeto elaborado pelo setor produtivo?
A empresa que der o maior desconto no pedágio também deverá dar a maior garantia, oferecendo no leilão uma caução equivalente à redução proposta. Isso é a garantia de que vai realizar as obras nos primeiros anos de contrato. Se não fizer as obras, ela vai perder aquele valor caucionado. As entidades do setor produtivo apresentaram essa proposta ao governo federal. O governador tem falado com o presidente Jair Bolsonaro e eu com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que esteve no Paraná e saiu daqui otimista de que chegaremos a um consenso. O que estamos falando é muito semelhante ao modelo que ele apresentou, que também tem o intuito de garantir que as obras sejam feitas e que haja desconto na tarifa. A diferença é que no modelo apresentado pelo Paraná não há limites de desconto, o mercado é que vai regular o valor máximo de desconto, desde que haja o pagamento da caução. Vamos garantir que o Paraná não tenha o pedágio mais caro do Brasil, as tarifas vão ficar até 60% mais baratas do que é cobrado hoje. (Com AEN)