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O deputado compôs a Mesa Diretora do Legislativo paranaense nos últimos quatro anos. Como primeiro-secretário, assumiu a responsabilidade da gestão administrativa e financeira da Assembleia. “Uma das grandes conquistas foi a economia de R$ 1,2 bilhão. Estes recursos foram devolvidos aos cofres do Estado e se transformaram em obras e melhorias para os nossos municípios”, destacou.
É estarrecedor o quadro político com mando e desmando de toda ordem que envolve os três poderes nacionais em Brasília que deveriam, embora harmoniosos, ser independentes. Está na lei, na nossa maior lei: a Constituição que restabeleceu o estado democrático de direito.
“O que fica dessas eleições é a certeza de um país dividido, a incerteza provocada pelo ódio generalizado e a perspectiva de longos anos de turbulência”. Retomo este raciocínio, que é parte de um artigo que escrevi no final de 2018, a propósito dos fatos recentes que impactam o funcionamento das instituições nacionais.
O exercício lógico que fiz à época não era nenhuma profecia. Foi uma avaliação absolutamente clara e objetiva das consequências de um processo eleitoral que separou os brasileiros entre “nós e eles”, uma batalha que ganhou grande repercussão midiática pelas redes sociais e aguça mais o sentimento que as instituições estão combalidas. Não estão.
O artigo tratou de ratificar uma reflexão de gente que, de forma serena, analisava sem paixões o momento vivido pelo nosso País.
Passados pouco mais de dois anos e, infelizmente, as palavras se confirmam. Nos apartamos de forma intransigente de quem pensa diferente e o abismo só aumenta, corroído por atos e discursos coléricos. Estes tempos turbulentos – não só (mas também) por conta da pandemia da covid –vão acumulando sobressaltos.
A revelação do general Eduardo Villas-Boas, ex-comandante do Exército Brasileiro, de que divulgou tempestivamente, e com a anuência da cúpula de alto coturno, posicionamento para interferir nas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento de um habeas corpus do ex-presidente Lula, é um desrespeito às instituições e um desserviço à ordem democrática.
Não vou entrar no mérito do processo judicial que estava em pauta, mas me parece óbvio que não cabe às forças armadas a tentativa de intervenção nos trabalhos do STF, expondo interesses políticos e corporativistas que escapam às atribuições da carreira militar.
A reação uníssona dos ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes, conhecidos por posicionamentos antagônicos em diversos julgamentos da mais alta corte brasileira, às declarações de Villas-Boas reforça que não pode haver espaço para devaneios e suspiros ditatoriais.
Causa-me engulhos a simples consideração de algum brasileiro apoiar o regresso ao período mais sombrio da história do nosso país. Não é possível que alguém em sã consciência defenda um regime radical que priva a liberdade dos seus cidadãos, tolhe direitos básicos, mina a liberdade de informação e de expressão e repreende adversários políticos com prisões e mortes.
O Brasil não necessita de mais problemas além daqueles que já temos a enfrentar. A economia patina e faltam vacinas contra a covid-19. A máquina pública consome boa parte dos impostos com custeio e faltam recursos para investimentos em saúde, educação e infraestrutura. O desemprego e a pobreza avançam à medida que não conseguimos frear a pandemia. Precisamos focar no que é importante.
Eu ouvi, eu vi e eu vivi o nefasto período militar e suas consequências. Batalhei pelo fim do regime militar e pela redemocratização do país. Digo e repito, não podemos sequer alimentar o monstro do autoritarismo. Já temos os criados pelo discurso do ódio e que agora querem abalar a democracia do país. Ditadura nunca mais.
Luiz Claudio Romanelli, especialista em gestão ambiental, é deputado e vice-presidente do PSB do Paraná.