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Participantes acreditam que o evento pode estimular o desenvolvimento do município.
Os palestrantes e conferencistas do VI Congresso de Educação de Ponta Grossa têm elogiado a política pública de incentivo à leitura realizada na cidade. Eles acreditam que o evento e a Feira do Livro podem contribuir para o desenvolvimento do Município, a melhoria nas condições de vida e estimular a cidadania. “Este congresso é um esforço coletivo em prol da leitura, porque acreditamos que a leitura é a primeira alavanca do desenvolvimento humano”, disse a escritora Marina Colasanti, em palestra a 1 mil professores e estudantes.
Aos 81 anos, Colasanti é uma das principais autoras da literatura infanto-juvenil brasileira e está entre as principais vozes femininas da história do país. Em palestra no Centro de Convenções do Shopping Palladium, ela falou sobre a escrita feminina e o Congresso. “O Brasil vive muito destas iniciativas, de pessoas e governos que acreditam no poder transformador e civilizatório da leitura. De um encontro como esse pode sair somente coisa boa”, afirma a escritora.
Ela destacou ainda o papel do professor neste processo. “Sempre digo que um professor que não é um leitor, não fará um estudante leitor. Para fazer leitores é preciso ser leitor, amar a leitura. Não importa o tempo, tempo a gente rouba da boca da surucucu para ler. Mas quem não ama ler, não faz meninos leitores”. A escritora acredita que uma cidade formada por leitores se diferencia de outras, onde não há a prática da leitura. “Ela terá cidadãos mais conscientes, eleitores mais preparados, seres humanos mais redondos, será mais civilizada”, declarou.
Outro palestrante que abordou o hábito de ler como grande diferencial para uma cidade foi o pesquisador e professor César Nunes, doutor em filosofia e livre docente em educação da Universidade de Campinas (Unicamp). Em sua fala na noite ontem, 12, ele destacou que a média anual de leitura de livros do brasileiro é uma das piores do mundo. Enquanto no Brasil a leitura per capita é de somente 1,8 livro, no Uruguai o número é de 4,4, chegando a 5,1 na Argentina, 10,5 em Portugal, 31,2 em Cuba e 33,6 na Suécia. “No Brasil, não conseguimos chegar a dois livros por pessoa. É uma pobreza”, lamenta Nunes.
Nunes enfatizou o conceito do VI Congresso, ‘Ponta Grossa Narra’. “Todo mundo precisa dotar-se de narrativa. Quem não tem narrativa, não sabe quem é. Ela é consciência que nós temos de nós e do mundo. Por isso quero parabenizar este título do Congresso, porque narrar é fazer o tecido da vida. Quem aprende a narrar aprende a tecer o tecido da vida. E só vai poder narrar a sua história quem for educado para escutar as histórias dos outros. As histórias da humanidade, do pai e da mãe, dos avós, da sua ancestralidade. Para que a gente entenda, nas histórias de quem nós amamos, a nossa própria história”, apontou o palestrante. (Com assessoria).