Divulgação
CEIs do “Tanque Cheio” e da “Rotatória do Milhão”, como foram batizadas pelos vereadores, irão investigar o desvio de 600 mil litros de combustível, o equivalente a R$ 2,4 milhões, e a construção de rotatórias, como por exemplo a da Avenida Visconde de Taunay, denunciada pelo vereador Ricardo Zampieri, com preços de 20% acima do mercado.
Os vereadores instauraram na sessão de hoje, 22, na Câmara Municipal, duas Comissões Especiais de Investigação (CEIs), para averiguar os supostos desvio de combustível da Prefeitura e o superfaturamento nas obras de rotatórias no Município.
A CEI do “Tanque Cheio”, como vem sendo chamada a Comissão que irá investigar o suposto desvio de combustível foi proposta pelo vereador Ricardo Zampieri (PSL).
Em entrevista ao BLOG DO JOHNNY no último dia 18 de março, o secretário municipal de Serviços Públicos, Márcio Ferreira, acusou o servidor municipal Joelson Sluszz de ser o responsável pelo desvio de 600 mil litros de combustível, o equivalente a R$ 2,4 milhões, da Prefeitura de Ponta Grossa. Segundo o secretário, o servidor atuou na pasta na gestão anterior, de Alessandro Lozza de Moraes, atual chefe de gabinete, e fazia lançamentos para a Usina de Asfalto, localizada no Distrito Industrial, e que encontra-se desativada. Os desvios, segundo Ferreira, ocorreram de 2013 até 2016, no último mandato do ex-prefeito Pedro Wosgrau Filho, e no primeiro mandato do prefeito Marcelo Rangel (PSDB).
Procurado pela reportagem do BLOG DO JOHNNY no mês passado, Joelson Sluzz, não quis gravar entrevista, se limitando a responder que já prestou a sua versão sobre o caso na investigação conduzida pela Prefeitura.
Em fevereiro deste ano, Rangel foi questionado sobre o desvio durante entrevista a uma emissora de rádio. Ele tratou a denúncia como uma “conversa de bastidor”. A Prefeitura de Ponta Grossa, através da sua assessoria de imprensa, não quis comentar o caso.
“A expectativa agora é fazer um trabalho responsável e célere para que possamos apresentar respostas à população. Até porque 600 mil litros de combustível foram desviados de baixo dos nossos olhos, sob a nossa supervisão. Uma orgia do dinheiro público aconteceu no Parque de Obras da nossa cidade”, criticou Zampieri, que integra a CEI junto com os vereadores Geraldo Stocco (Rede), Sargento Guiarone (PROS), Sebastião Mainardes Júnior (DEM) e Rogério Mioduski (PPS), os três primeiros (maioria) da oposição ao governo.
“ROTATÓRIA DO MILHÃO” – Já a CEI da “Rotatória do Milhão”, como foi batizada a Comissão que irá investigar o suposto superfaturamento nas obras de rotatórias do Município foi proposta pelo líder da oposição, vereador George Luiz de Oliveira (PMN), que justificou a sua ausência na sessão de hoje, o que não impediu os vereadores de instaurá-la, com maioria governista: o líder do governo, Rudolf Polaco (PPS), Mingo Menezes (DEM), Celso Cielaski (PRTB), Eduardo Kalinoski (PSDB) e Jorge da Farmácia (PDT).
De acordo com o líder da oposição, a CEI se justifica devido “ao grande número de obras dessa natureza” no período de 2017 a 2019. “Cabe à Comissão investigar a regularidade e conveniência da construção de todas essa rotatórias, afim de zelar pelo erário público, apontando providências e recomendações que deverão ser tomadas pelo Poder Executivo, de modo a promover a correção de eventuais irregularidades”, justificou George no pedido.
O vereador Ricardo Zampieri denunciou no início do mês ao Ministério Público (MP) os valores gastos na rotatória construída na avenida Visconde de Taunay, na rodoviária de Ponta Grossa, popularmente conhecida como “Rotatória do Milhão”, em alusão ao custo da obra de aproximadamente R$ 1 milhão. Ele apresentou denúncia com documentos e dados que provariam ao menos R$ 200 mil de superfaturamento na obra. O vereador contou com o apoio de especialistas na área para analisar detalhes técnicos da obra – os serviços foram contratados com recursos próprios de Zampieri.
Durante os estudos, o parlamentar constatou uma área injustificada de mais de 2 mil m² de pavimentação contratada. “Todo o quadro e levantamento de quantidade foi baseado na área de aproximadamente 7,5 mil m² de pavimento para a obra. Porém, conforme levantamento, chegamos a constatação de que a área projetada para a conclusão da obra não ultrapassa a quantia de 5,4 mil m²”, denunciou.
No início de março, o apresentador de televisão e radialista, ex-prefeito e ex-deputado Jocelito Canto, também havia criticado e questionado os valores da obra. “Eu acho que não é uma obra tão cara assim. Se você olhar percebe que é só movimentação de terra e meio-fio”, criticou Canto nas redes sociais.
Um dos itens questionados por Jocelito na planilha de custos da obra foi a instalação de duas placas galvanizadas que juntas medem 24 m², no valor de R$ 8 mil.
As CEIs possuem prazo regimental de 90 dias para conclusão dos trabalhos, podendo ser prorrogados. Nos próximos dias os integrantes das duas Comissões se reúnem para eleger o presidente e o relator e definir os primeiros passos.