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Segundo o MP-PR, parte do pagamento da aquisição de um conjunto de salas comerciais no Centro Cívico, em Curitiba, teria ocorrido com a utilização de valores recebidos como propina de construtoras investigadas no âmbito da Operação Quadro Negro, que apura desvios de verbas destinadas à construção e reformas de escolas no Estado.
O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) voltou a ser preso nesta manhã, 19, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Curitiba. A prisão é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. A suspeita contra Beto Richa é de corrupção, e ele foi preso no apartamento onde mora. Esta é a terceira vez que Beto Richa é preso.
Esta ação é um desdobramento da Operação Quadro Negro, de acordo com o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti. Pela Quadro Negro, é a primeira vez que Beto Richa é preso.
O empresário Jorge Atherino, apontado pelo MP como operador financeiro de Beto Richa, e Ezequias Moreira, ex-secretário especial de Cerimonial e Relações Exteriores do Paraná, também foram presos.
Ezequias foi citado na colaboração premiada do empresário Eduardo Lopes de Souza. A delação afirma que o ex-secretário participou da arrecadação de dinheiro desviado da reforma e construção de escolas para a campanha a reeleição de Beto Richa para o governo do Estado.
O Gaeco cumpre também mandados de busca e apreensão em imóveis da família Richa em Caiobá, no litoral do Paraná, e Porto Belo, em Santa Catarina.
OUTRAS PRISÕES – A última prisão de Beto Richa foi em 25 de janeiro, na 58ª fase da Operação Lava Jato. Porém, o ex-governador foi solto uma semana depois, com decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha.
Já a primeira prisão foi em setembro do ano passado, também pelo Gaeco. A investigação do Gaeco era sobre o programa do governo estadual Patrulha do Campo, que faz a manutenção das estradas rurais.
OPERAÇÃO QUADRO NEGRO – A Operação Quadro Negro encontrou indícios de desvios de dinheiro na construção de diversas escolas estaduais. Segundo as investigações, a Construtora Valor recebeu cerca de R$ 20 milhões pelos contratos firmados com o poder público, mas não entregou as obras.
Conforme o Ministério Público do Paraná (MP-PR), um setor da Secretaria de Educação produzia relatórios fraudulentos sobre obras em escolas estaduais. Os relatórios informavam que as obras estavam em andamento adiantado, entretanto, em muitos casos, mal haviam saído do papel.
Com a fraude, a construtora Valor, recebia o valor pelos contratos sem que as obras fossem feitas ou concluídas. Eduardo Lopes, dono da construtora, é delator na operação. Eduardo Lopes contou como funcionava o esquema de desvios, revelando nomes de políticos que, segundo ele, se beneficiaram com o esquema.
Em delação, o ex-diretor da Secretaria de Educação, Maurício Fanini, afirmou que o dinheiro de propina pago pelo esquema abasteceu as campanhas de Beto Richa para a Prefeitura de Curitiba e para o governo do Paraná, entre 2002 e 2015.
Fanini afirmou também que o dinheiro fraudulento custeou gastos pessoais do ex-governador, como viagens e a compra de um apartamento.
O G1 tenta contato com a defesa do ex-governador, mas, até o momento, as ligações não foram atendidas. (Com informações do G1 Paraná)