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A decisão da Ambev levou em conta a pressão política que o governador Ratinho Junior recebeu, dentro e fora do gabinete, para não deixar mais um investimento bilionário se instalar em Ponta Grossa.
Essa semana a região dos Campos Gerais foi premiada com o anúncio bilionário feito pela cervejeira multinacional Ambev.
A mais moderna fábrica de garrafas de vidro das Américas vai gerar empregos em Carambei (por coincidência numa gleba que no passado, já foi território de Ponta Grossa).
O anúncio mostrou como será quente a eleição desse ano nos Campos Gerais. Uma verdadeira tarde de fortes emoções marcou 23 de junho, com comemorações, críticas e humor ácido dos principais pré-candidatos a deputado estadual e federal da região.
Desde que foi criado por Jaime Lerner, o governador que industrializou o Paraná a partir de 1997, o programa de incentivos de ICMS é o fator de engenharia tributária que garante os grandes investimentos empresariais no Estado.
Entretanto, ninguém contou a verdadeira história:
A decisão da Ambev levou em conta a pressão política que o governador Ratinho Junior (PSD) recebeu, dentro e fora do gabinete, para não deixar mais um investimento bilionário se instalar em Ponta Grossa.
Não foi o terreno, não foi o preço do metro quadrado (em Carambeí, R$ 80. Em Ponta Grossa, R$ 100). Foi simplesmente uma decisão política que já estava tomada há 60 dias em Curitiba. E só seria anunciada depois das eleições de 2 de outubro. Mas teve que ser antecipada em função da exigência da Matriz Ambev. Na iniciativa privada, pirotecnia é crime contra o resultado, o Ebitda.
Não foi também o excesso sem discrição na movimentação de autoridades e comissionados lutando pra fechar bons negócios imobiliários (movimentos bruscos que já estão sendo monitorados pelo Gaeco de PG há um tempo).
O que vai custar ao Governo do Estado e a própria Ambev é muito mais que a diferença do metro quadrado do terreno.
Vão ser as obras necessárias de infraestrutura que todos os paranaenses vão pagar pela fábrica de Carambeí.
A começar pela Copel, que terá que reforçar a carga distribuída na região. Viadutos e obras de arte na PR-151 para solucionar o gargalo logístico. Isso sem falar nas adaptações milionárias que o projeto de implantação da fábrica vai exigir, como a grande movimentação de terra e o sistema de mais de 1 km de adutoras de efluentes.
A política tem dessas histórias, mas o que interessa, aos políticos, em ano eleitoral, é o show.