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A deputada foi a maior doadora de recursos usados para financiar manifestações antidemocráticas realizadas dia 3 de maio. A acusação é do vice-Procurador-Geral da República, Humberto Jacques.
A deputada federal Aline Sleutjes (PSL), de Castro, nos Campos Gerais, bolsonarista em primeiro mandato, foi a maior doadora de recursos usados para financiar manifestações antidemocráticas realizadas dia 3 de maio. Assim como outros três colegas (Bia Kicis, General Girão e Guiga Peixoto), Aline teria transferido R$ 10 mil da cota parlamentar – dinheiro público que a Câmara repassa para cobrir despesas dos deputados.
A acusação é do vice-Procurador-Geral da República, Humberto Jacques, segundo revela o jornalista Lauro Jardim, em seu blog no jornal O Globo. Os repasses foram descobertos a partir da quebra de sigilos bancários, fiscal e telemático de congressistas e integram as diligências determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes. Estas diligências levaram 18 outras pessoas que organizaram ou participaram de manifestações consideradas ilegais, dentre as quais a ativista Sara (Winter) Giromini.
De acordo com Jacques, três dos quatro investigados contrataram a empresa Inclutech Tecnologia em abril, sob a rubrica divulgação de atividades, para “promover o respectivo apoiamento aos atos antidemocráticos”.
A empresa em questão pertence a Sérgio Lima, responsável pelo marketing do Aliança pelo Brasil, conforme revelou o Estadão ontem, 18.
Ainda segundo o documento da PGR, Kicis desembolsou R$ 6,4 mil da cota pela “criação e elaboração de peças em vídeo para publicação na web”. Guiga Peixoto, sustenta o procurador, gastou R$ 6,5 mil e Aline Sleutjes, R$ 10 mil em serviços semelhantes, mas com o mesmo objetivo.
Jacques afirma ainda que General Girão usou R$ 7,4 mil do cotão para contratar a empresa Lima Junior, conforme diz a investigação, também para bater bumbo pelos protestos.
Escreveu Jacques:
“Como se pode verificar, no ecossistema de redes sociais e propagação de idéias de mobilização social e realização de manifestações ostensivas nas ruas, há participação de parlamentares tanto na expressão e formulação de mensagens, quanto na sua propagação e visibilidade, quanto no convívio e financiamento de profissionais na área”.
E concluiu:
“Na parte visível de toda essa organização há militantes, há políticos, há organização, há recursos financeiros. Há também direitos. Todavia, potencialmente pode haver abusos e crimes que precisam ser apurados a partir do esclarecimento do modo de funcionamento estruturado e economicamente rentável de uma escalada de organização e agrupamento com pretensões aparentes de execução de ações contra a ordem constitucional e o Estado Democrático e provocação das Forças Armadas ao descumprimento de sua missão constitucional”.
A reportagem do Blog do Johnny entrou em contato com a deputada para comentar a acusação, mas ela não atendeu e nem retornou as nossas ligações.