29 de dezembro de 2020

Agropecuária foi base de sustentação da balança comercial

Divulgação

Em 2020, agricultura sofreu com estiagem severa e pandemia, mas superou desafios e garantiu a produção de 40,57 milhões de toneladas em produtos vegetais.

A agropecuária paranaense sofreu em 2020 os efeitos de estiagem, uma das mais severas estiagens dos últimos 100 anos, segundo o Simepar. Além da escassez de chuvas, o setor sentiu os impactos da pandemia que provocou paralisação de atividades, alterações de consumo e influenciou, de forma contundente, a comercialização de produtos.

Mesmo assim, o setor superou os desafios, e o resultado positivo da balança comercial mostrou que o agronegócio foi sua principal base de sustentação. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, as três safras cultivadas no Estado renderam um total de 40,57 milhões de toneladas, volume 13% acima da anterior (18/19). No acumulado, a área ocupada chegou a quase 10 milhões de hectares.

Para a safra 2020/21, que está sendo plantada com atraso pela escassez de chuvas, a estimativa é de produção de 24,3 milhões de toneladas para a primeira etapa que começa a ser colhida em janeiro de 2021. Algumas culturas com perspectiva de crescimento na área plantada foram influenciadas pelos bons preços. A área ocupada alcançou 6,1 milhões de hectares.

PREÇOS – Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, mesmo passando pela estiagem prolongada, o resultado da safra de grãos no Estado foi surpreendente, tanto em volume como em valor de venda. Os produtores se beneficiaram do aumento das cotações do dólar, já que a maioria dos produtos cultivados no Paraná é commodities.

Para coroar o bom desempenho das lavouras, a comercialização do grão foi uma das melhores dos últimos anos para os produtores. O aumento de produtividade surpreendeu também os analistas do Deral. Houve perdas nas culturas da segunda safra, em decorrência da falta de chuvas, mas a maior parte teve bons preços pagos aos produtores.

Além disso, o fluxo foi rápido, sobretudo na soja, que teve sucessivos recordes de embarque nos últimos meses. Reflexo da alta do dólar, que deixou mais atrativos os preços das commodities. Para se ter uma ideia, os principais produtos cultivados no Estado, como soja e milho, tiveram valorização de quase 100%. A saca de soja, com 60 quilos, chegou a ser cotada a R$ 150,00. E o preço do milho atingiu R$ 75,00 a saca.

Com isso, o Deral já projeta um Valor Bruto da Produção acima de R$ 115 bilhões, capitaneado pela soja, que teve safra recorde este ano. A projeção do VBP de 2020, que será divulgado oficialmente no próximo ano, antecipa que só a soja terá um incremento de R$ 9,6 bilhões, em relação ao ano passado, devendo ultrapassar o faturamento de R$ 29 bilhões.

A disparada nos preços foi causada, em termos internacionais, pela China, que está comprando muitos grãos e carnes. A elevação nos preços das commodities foi potencializada no mercado interno com alterações no consumo das famílias. As medidas de contenção da pandemia de covid-19 incentivaram a população a ficar em casa, o que aumentou o consumo de alimentos básicos, com as famílias fazendo as próprias refeições.

SAFRA VERÃO – A safra de grãos de verão (19/20) rendeu 24,3 milhões de toneladas de grãos, volume 26% acima do igual período do ano anterior quando chegou a 19,7 milhões de toneladas de grãos. O resultado superou também a expectativa inicial de produção que apontava para um volume de 23,4 milhões de toneladas de grãos.

A produção mais expressiva deste ano foi a soja, cuja colheita resultou no recorde de 20,75 milhões de toneladas, volume 29% maior que a anterior, com 16,3 milhões de toneladas. Com exceção do feijão de primeira safra, que sofreu queda de 13% na produção, os demais grãos cultivados no período, como milho, arroz e amendoim tiveram aumento na produção.

Já a segunda safra de grãos cultivada no Estado sofreu os impactos da estiagem. A produção total foi 12% menor que em igual período do ano anterior, caindo de 13,6 milhões de toneladas para 12 milhões de toneladas. A queda mais expressiva foi na produção de milho da segunda safra, que, apesar dos problemas climáticos, manteve o lugar de principal safra no Estado, nesta época do ano, tanto no abastecimento interno como nas exportações.

A segunda safra de milho caiu de um volume de 13,24 milhões de toneladas no ano safra 2018/19 para 11,66 milhões de toneladas no ano safra 2019/20, uma queda de 12%. Apesar do incremento de área de 2%, o Paraná registrou perda de 1,58 milhão de toneladas, principalmente nos núcleos regionais de Cascavel e Toledo.

SAFRA INVERNO – Na safra de inverno, houve uma melhora no clima, que se refletiu no desempenho. O resultado deste ano foi 40% maior que em igual período de 2019, passando de 2,75 milhões de toneladas para 3,8 milhões de toneladas, um aumento de 1,05 milhão de toneladas de grãos.

O aumento foi puxado pela safra de trigo, que registrou uma elevação de 46%. O trigo foi parcialmente afetado pela estiagem e, mesmo assim, conseguiu um resultado considerado excelente. A produção deste ano atingiu 3,5 milhões de toneladas, enquanto no ano passado foram produzidas 2,14 milhões de toneladas.

A produção de café no Estado rendeu 943 mil sacas de 60 kg ou 56,6 mil toneladas em uma área cultivada de 35.556 hectares. Praticamente repetiu o desempenho da safra anterior. O clima quente e seco, predominante na safra, provocou efeitos distintos. No período da frutificação, foi desfavorável para o desenvolvimento da cultura, mas, ao persistir durante a colheita e secagem, garantiu que o produto resultante fosse de boa qualidade. A persistência do clima seco abalou o potencial produtivo da próxima safra que será colhida em 2021.

Outras culturas fortes no Paraná também tiveram destaque positivo. A produção de mandioca cresceu 14%; a cebola, 14%; fio de seda, 9%; e cana-de-açúcar, 2%.

PRODUTIVIDADE – A safra de grãos foi a segunda maior da história do Paraná, atrás apenas da safra 16/17, quando o clima se manifestou de forma espetacular e o Estado colheu 41,7 milhões de toneladas. Este ano também houve recordes em produtividade. O milho 1ª Safra, campeão de produtividade, atingiu a marca de 10.017 quilos por hectare, 14% a mais que na safra anterior, quando o rendimento foi de 8.755 quilos por hectare.

A produtividade da soja também deu um salto de 2.960 quilos por hectare na safra 18/19 para 3.792 quilos por hectare na safra 19/20. Na primeira safra de grãos, o clima colaborou para manter a produtividade acima da média inicialmente estimada. Esse volume foi, aproximadamente, 26% superior ao da safra 18/19, também severamente atingida por adversidades climáticas, com a seca.

O rendimento do feijão da primeira safra evoluiu de 1.526 quilos por hectare no ano passado para 2.075 quilos por hectare este ano.

Na safra de inverno, cujo desempenho foi bom, apesar da estiagem, o avanço em produtividade ocorreu principalmente com o trigo, que aumentou de um rendimento de 2.205 quilos por hectare no ano passado para 2.798 quilos por hectare este ano. A produtividade da cevada avançou de 4.071 quilos por hectare no ano passado para 4.331 quilos por hectare este ano.

VBP – O Valor Bruto da Produção (VBP) atingiu o recorde de R$ 98,08 bilhões, maior valor nominal já registrado na série, que proporcionou um crescimento nominal de 9% e real (descontada da inflação), de 3%. Este VBP correspondeu à comercialização dos produtos agropecuários ocorrida no ano anterior (2019).

O VBP deste ano será divulgado em meados de 2021, mas o Deral já projeta valor acima de R$ 115 bilhões, com a disparada nos preços da soja, milho e carnes. Será um novo ano de valores recordes. A saca de soja alcançou preço de R$ 150,00, valor considerado inimaginável para muitos produtores.

A projeção aponta que o Valor Bruto da Produção de 2020 vai aumentar de forma generalizada porque, este ano, a desvalorização do real foi acentuada, o que proporcionou o aumento das exportações e, com isso, os preços no mercado interno subiram também.

Desta vez foram os produtos da pecuária que lideraram o VBP no Estado. Metade do faturamento do Estado em 2019 veio da pecuária, em função do aumento de 21% das exportações de proteínas animais para a China. No ano, houve um aumento de 9% no faturamento e 5% no volume embarcado, comparado com o ano anterior (2018).

Os grãos e outras grandes culturas representaram 39% do VBP total, com faturamento de R$ 38,39 bilhões. A cultura da soja rendeu R$ 19,9 bilhões ao VBP do Paraná, uma participação menor por causa da perda de safra em 2018, por fatores climáticos. O milho rendeu um faturamento bruto de R$ 8,7 bilhões. O grupo de hortaliças subiu de participação no VBP, totalizando R$ 4,6 bilhões. (Com AEN)


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