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Coragem! Quando tudo isso passar, o mundo não será mais o mesmo. E não vai voltar ao normal, porque a realidade anterior era o problema. Sei que isso choca, mas o momento pede reflexão e transformação.
Estamos vivendo um capítulo da história mundial em que em muito se parece com antigas crises humanitárias e sociais, da gripe espanhola a outras grandes pandemias. Mas temos agora, ao nosso favor, uma ferramenta que possibilita o debate global sobre o assunto. Todos temos o poder de fazer reverberar a nossa voz, a nossa opinião. E chegou a hora de usar esses artifícios da comunicação virtual para conhecer melhor aqueles a quem entregamos o bastão do poder, e cobrá-los impiedosamente, por soluções definitivas. Que revolução, senhores!
Mas temos pela frente um futuro incerto, em que a fome, o desemprego, a escassez de recursos financeiros e a nossa saúde estarão em lados opostos. E no momento em que mais precisamos de ajuda, nos deparamos com o poder público paralisado, inerte diante disto tudo.
Oras, esta deveria ser a hora em que aquele que foi eleito para representar os anseios do povo no Executivo deveria revelar a sua verdadeira vocação. Agora seria a hora de ser um líder, não um menino omisso lendo um teleprompter. Seria o momento ideal para chamar pra si a responsabilidade!
Ele tem o dever de tomar decisões eficazes e rápidas, porém não o faz. Temos um governador que age somente sob pressão, mas com resultado pouco efetivo. É cobrado há anos, mas nunca nos ouviu quando pedíamos a isenção de impostos para ajudar micros e pequenos empresários. Ou quando clamávamos pelo fim da cobrança antecipada de ICMS, como a Substituição Tributária que esfola o bolso dos comerciantes paranaenses. São medidas que sempre se fizeram necessárias, mas ao invés de peitar essa grande transformação para o Paraná, ele decide agora, no meio do incêndio, pelo paliativo e temporário, somente enquanto durar a quarentena.
A gente já sabia, governador! Essa conta será cobrada depois… sim, pois no projeto apresentado pelo Chefe do Executivo no combate à crise, a aplicação de políticas públicas está descrita de maneira vaga, frágil e interesseira. O Governo está surfando na onda do Covid-19 para fazer propaganda, mas nada que vá realmente fazer a diferença na vida das pessoas neste mundo novo que se descortina.
Postergar a cobrança do ICMS não é o mesmo que acabar com ela! Ficar em cima do muro também não vai resolver. E a gente sabe que nem sempre foi assim!
Se o governo fosse nosso, medidas em defesa das micro e pequenos empresários, ou pela geração de emprego, seriam bem mais eficazes mesmo sem a pandemia. Seriam políticas permanentes. Imagine agora com a crise, estaríamos fazendo o possível e o impossível para garantir a manutenção dos empregos.
Muita gente aqui sabe do que estou falando. Houve um tempo no Paraná em que conseguimos atrair novos negócios, mesmo em épocas de crise, e trazer desenvolvimento ao Estado.
Tínhamos leis que beneficiavam os menos favorecidos, facilitando o acesso ao crédito, financiamento dos tratores com equalização da taxa de juros vinculada ao preço do milho. O agricultor, por exemplo, pagava em quantidade de sacas de milhos produzidas, se não tivesse safra por qualquer motivo, e o FDE bancava.
Afinal, é pra isso que servem esses recursos chamados públicos! Tínhamos políticas voltadas aos micros e pequenos empreendedores pela Agência de Fomento, com juros baixos 1% am não capitalizados, prazo e acessibilidade ao crédito sem muita burocracia.
Agora, o que propõem nesse Governo, não vai resolver a situação. Apesar de uma bela manchete e já ser um começo, não será o suficiente. Em outros tempos, teria sido bem diferente, teria sido mais firme e mais solidário. Vivemos um momento de rever as ações de nossos governantes que, infelizmente, demonstram total despreparo e desinteresse para lidar com situações de grave risco. Que fique a lição e que todos lembremo-nos disso nas próximas eleições.
* Requião Filho é advogado e deputado estadual do Paraná pelo MDB.