13 de junho de 2019

A cidade que cresceu muito rápido e que agora vive um duro efeito colateral

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Matéria do jornalista Carlos Coelho, da Gazeta do Povo, publicada na última segunda-feira, 10, revela que na contramão do desenvolvimento industrial, Ponta Grossa tem desafios na infraestrutura. Se o drama da dependência central é uma realidade em todos os bairros periféricos de Ponta Grossa, é ainda pior na zona conhecida como Distrito Industrial, a região no entorno dos terrenos ocupados pelas grandes indústrias da cidade, sobretudo no bairro Cara-Cará. Por ali, falta de ônibus, de policiamento, atendimento precário da prefeitura e pouca oferta de serviços como fornecimento de internet acentuam um sentimento de segregação do resto da cidade, que já é físico por conta da BR-376 separando as duas regiões. Na região, boa parte das ruas são terrivelmente esburacadas. A prefeitura se defende, apontando investimentos no Distrito, mas que estão aquém do que a população deseja. Cita trecho da matéria que traz ainda depoimentos dos moradores, confira.

Matéria do jornalista Carlos Coelho, da Gazeta do Povo, publicada na última segunda-feira, 10, revela que na contramão do desenvolvimento industrial, Ponta Grossa tem desafios na infraestrutura, confira:

A cidade de Ponta Grossa desponta como polo industrial no Paraná, alavancando a arrecadação de ICMS e gerando empregos. O Município costura, por exemplo, um acordo com a Tatra, fabricante tcheca de caminhões, e viu recentemente o Madero anunciar um investimento na ordem de R$ 600 milhões.

Mas o desenvolvimento acelerado trouxe um duro efeito colateral ao Município de pouco mais de 300 mil moradores, nos Campos Gerais. E, agora, ele depende de ações estruturais para sustentar seu crescimento.

“A Sanepar [Companhia de Saneamento do Paraná] me passou que 40% das ligações de água na cidade de Ponta Grossa foram feitas nos últimos oito anos. Foi mais do que o contrato previa, fruto do crescimento da cidade”, exemplifica o prefeito Marcelo Rangel (PSDB). “A frota de veículos ultrapassou os 200 mil carros e a cidade, que tem quase 200 anos, tem vias estreitas. A mobilidade urbana virou um desafio”, admite. É uma realidade à qual os pontagrossenses se acostumaram nas entradas da cidade via BR-376 em diversos horários e na área central nos horários de pico.

Foi um dos motivos que levou o Município a repensar seu Plano Diretor, que é o conjunto de regras para ordenar o crescimento urbano, desatualizado desde 2006. Para isso, chamou uma empresa de planejamento urbano de Curitiba, Urbtec, responsável por alguns projetos na Capital. A revisão está em fase final e deve ser apreciada pelo Legislativo Municipal ainda este ano. Dentre os desafios do grupo, o principal é evitar que se complique um já denso tráfego na região central.

“Durante a etapa de diagnóstico do Município, foi percebida essa forte dependência do centro da cidade em relação aos demais bairros. Para amenizar esta situação, está sendo proposta uma reorganização territorial com a implementação de seis eixos de estruturação, sendo três de alta densidade, dois de média densidade e um exclusivo para a estruturação ambiental. Estes eixos irão funcionar como centralidades lineares, onde irão concentrar ao longo das vias selecionadas uma grande oferta de serviços e comércio. A intenção da combinação destes eixos com a região central da cidade é a melhor distribuição destes usos e trazer maior equilíbrio entre as residências, o comércio, os serviços, o lazer, o trabalho e os estudos, promovendo acesso mais rápido e melhorando o tempo de deslocamento”, descreve Gustavo Taniguchi, diretor da Urbtec.

Quais são os principais problemas?

Se o drama da dependência central é uma realidade em todos os bairros periféricos de Ponta Grossa, é ainda pior na zona conhecida como Distrito Industrial, a região no entorno dos terrenos ocupados pelas grandes indústrias da cidade, sobretudo no bairro Cara-Cará. Por ali, falta de ônibus, de policiamento, atendimento precário da prefeitura e pouca oferta de serviços como fornecimento de internet acentuam um sentimento de segregação do resto da cidade, que já é físico por conta da BR-376 separando as duas regiões.

Na região, boa parte das ruas são terrivelmente esburacadas – terrenos ideais para veículos como o que a Tatra se propõe a fazer. “Tem uma cratera em frente à minha casa. Para sair de carro, eu e meu filho precisamos tapar. O caminhão de lixo não chega até lá. Além disso, para lotérica, correio, preciso ir até o centro”, contou uma cobradora de ônibus que mora na região.

A prefeitura se defende, apontando investimentos no Distrito, mas que estão aquém do que a população deseja. Uma moradora do Núcleo Santa Bárbara, parte do Cara-Cará, diz que a infraestrutura local quase não mudou nos 23 anos em que vive por ali, antes, inclusive, da chegada das indústrias.

Uma solução, ao menos, está prevista na revisão do Plano Diretor. “Esta região que concentra alta oferta de empregos está bastante próxima de áreas predominantemente residenciais. Há também uma forte conectividade com os eixos logísticos que adentram a porção central da cidade. Por promover um alto fluxo de veículos pesados e poluidores na BR-376, o que prejudica esta integração do Distrito Industrial com os demais bairros, percebemos a necessidade de um contorno rodoviário, o qual permitirá uma melhor apropriação urbana desta estrutura viária”, aponta Taniguchi, em seu diagnóstico.

De volta aos investimentos

Enquanto Ponta Grossa tenta desatar seus nós, as indústrias continuam a chegar. E não dão sinal de que irão parar. A cidade trabalha com pelo menos três prospects internacionais e vários outros nacionais. “Prezamos muito a questão de confidencialidade com as multinacionais por conta da nossa política de compliance. Mas temos três negociando com o município. Uma não pediu confidencialidade, a Tatra Motors. Outra destas indústrias trabalha na área de insumos automobilísticos e quer se estabelecer na cidade para atender fábricas de Curitiba e Ponta Grossa. A terceira multinacional é do ramo de insumos para cervejaria”, adianta o prefeito Marcelo Rangel.

“No campo das indústrias nacionais, tem uma que assinou o protocolo de intenções: é da construção civil, faz blocos pré-montados. O investimento é de R$ 70 milhões. Tem também uma indústria nacional de direção elétrica. Há a Master Cargas, que é de logística, e está praticamente em operação. São inúmeras as interessadas”, diz.


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