André Jonsson - Blog do Johnny
Responsável pelo controle de combustíveis da Prefeitura de Ponta Grossa de 2015 a 2017, Joelson Sluszz revelou que além da Controladoria Geral do Município, foi orientado para fazer os lançamentos na Usina de Asfalto – desativada – pela contadora Vilma Zampieri, que prestava serviços terceirizados para a administração na área de contabilidade, e foi presa no início do mês suspeita de desviar recursos da Prefeitura de Itaipulândia, no Oeste do Estado.
O assistente de administração Joelson Sluszz depôs na última quarta-feira, 24, na Comissão Especial de Investigação (CEI) que apura o suposto desvio de combustíveis da Prefeitura de Ponta Grossa, na Câmara Municipal. Servidor efetivo do Município desde 2011, ele atuou na Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (SMOSP) de abril de 2015 a setembro de 2017, por indicação do então secretário Alessandro Lozza de Moraes, e era o responsável pelo controle, compra, solicitações de combustíveis e os lançamentos para o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) no sistema Elotech (sistema de informatização da Prefeitura).
“Cada secretaria recebia um bloco para autorizar e dentro das secretarias tinha uma pessoa especial encarregada por fazer a liberação desses tickets de combustível para os veículos. Esses tickets chegavam até o posto aonde o frentista recebia, via que estava assinado e fazia o abastecimento. Após isso, era feita a conferência no final do dia e depois passado esses tickets para fazer os lançamentos”, relatou o processo o servidor, descrevendo que os tickets eram preenchidos à mão com o número do Patrimônio do Município (PM), quilometragem, tipo do combustível, data e as assinaturas do responsável pela liberação, motorista e frentista.
Quando começou o seu trabalho em 2015, contou que fazia os lançamentos em planilhas que eram encaminhadas para o Departamento Administrativo da SMOSP, para o secretário Alessandro de Moraes e para a Controladoria Geral do Município. Ele garantiu que tickets adulterados não eram aceitos. Na SMOSP, relatou que a pessoa responsável pelos lançamentos nas planilhas do Excel era a servidora Madalena, que posteriormente mantinha o arquivo dos tickets. Sluszz disse ainda que prestava contas do seu trabalho ao diretor-geral da Secretaria, Leandro Ximenio.
“Pode fiscalizar à vontade no período que eu trabalhei. Aquele posto que existe hoje fui eu que montei junto com o secretário Alessandro. Nós fizemos uma licitação para que pudéssemos ter o controle mais rígido com bombas eletrônicas. A gente fez cuidando para que houvesse economia de combustíveis”, afirmou Sluszz, informando que também foi construído uma estrutura para a informatização do posto, mas que não chegou a ser implantado.
“Todos os combustíveis adquiridos foram colocados nos tanques. Todos os combustíveis colocados no tanque foram utilizados pelos veículos”, assegurou o servidor.
Para ele, o envolvimento do seu nome na denúncia foi porque outro servidor queria ocupar o seu cargo, ligado ao atual secretário Márcio Ferreira. “Dentro da Prefeitura, quando você trabalha e alguém quer o teu lugar, ele vai tentar fazer de tudo, inclusive com certas mentiras, para que você seja prejudicado. Nesse período que eu trabalhei lá sempre levei tudo certinho e transparente”, garantiu, respondendo que o servidor que queria o seu cargo é o atual responsável pelo controle de combustíveis, o contador Josnir de Oliveira Mello.
Sluszz afirmou ser vítima de complô e que seguia ordens superiores
Ao assumir a função na SMOSP, Sluzz contou que tomou as providências necessárias para fazer os lançamentos dos combustíveis. “Para eu fazer esses lançamentos, como eu não recebi nenhuma informação, eu estive na Controladoria e conversei com o Maurício [César Souza Lara, subcontrolador administrativo] que me explicou como fazia. Veículos que não tinham chapa patrimonial era para fazer na Usina [de Asfalto] pelo motivo do estoque”, revelou, informando que os veículos novos adquiridos pela Prefeitura eram abastecidos mesmo sem ter sido realizado o registro patrimonial. Ele explicou que embora tenham sido realizados lançamentos na Usina, é possível identificar através dos tickets e das planilhas de controle quais veículos foram abastecidos.Joelson Sluszz contou que um ofício cobrando providências do Departamento de Patrimônio chegou a ser enviado, mas segundo ele, foi alegado que as secretarias responsáveis não haviam enviado a documentação necessária para realizar o registro patrimonial. O servidor afirmou ainda que antes de assumir a função, o procedimento era feito da mesma maneira e contou que na mudança de sistema para a Elotech, sugeriu a alteração de modo que os lançamentos pudessem ser realizados de forma correta, mas que não foi atendido devido à exigências feitas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR).
CONTADORA PRESA – No sistema anterior (Cetil), Sluszz disse que recebeu orientações para fazer os lançamentos na Usina de Asfalto da contadora Vilma Zampieri, da SVZ – Assessoria e Consultoria Ltda., de Cascavel, empresa terceirizada pela Prefeitura de Ponta Grossa para prestação de serviços de assessoramento, consultoria e suporte técnico na área contábil, financeira, orçamentária e prestação de contas. No início do mês, ela foi presa suspeita de desviar recursos da Prefeitura de Itaipulândia, no Oeste do Estado, realizando o mesmo tipo de serviço que era prestado para a Prefeitura de Ponta Grossa.
Sluszz revelou que também se reuniu com o controlador-geral do Município, Lauro Rodrigues da Costa Neto, para prestar esclarecimentos sobre como eram feitos os lançamentos, que concluiu que se tratava de uma falha contábil e não de desvio de combustível.
Ao solicitar o seu desligamento da SMOSP, Sluszz contou que recebeu o pedido do secretário municipal de Administração e Recursos Humanos, Ricardo Linhares, para que permanecesse no cargo. Ele revelou que teve uma aproximação com o secretário durante a criação da Central de Veículos do Município.
O servidor também relatou que em duas oportunidades em 2015 um dos tanques da Usina de Asfalto chegou a ser utilizado para armazenamento de óleo diesel para consumo da frota, mas que durante o período que atuou na SMOSP a Usina permaneceu desativada. “É uma forma não correta [fazer os lançamentos na Usina]. Mas era a forma de fazer o controle do estoque virtual que originou-se. Eu tinha superiores que mandavam”, concluiu Joelson Sluszz, afirmando ser vítima de um complô.