12 de abril de 2018

Políticas e comunicação para juventude, artigo de Marcello Richa

Divulgação

“Promover condições para que conheçam e alcancem a sua garantia de direitos resultará em maior autonomia, inclusão e pensamento crítico, oportunizando que, cada vez mais, se tornem protagonistas de transformações positivas na sociedade”

Uma realidade constante e facilmente perceptível para qualquer pessoa que trabalhe com a juventude, que no Brasil consiste na faixa etária de 15 a 29 anos, é que eles representam um dos segmentos mais atingidos pelas políticas públicas. Em um cenário que a pessoa começa a ingressar no mercado de trabalho e assumir maiores responsabilidades pessoais e profissionais, seria impossível pensar diferente.

Dessa forma, o poder público tem apresentado muitos projetos com foco nesse segmento, especialmente em relação a programas que visam à prevenção e combate ao uso de drogas, realização de cursos de capacitação profissional, estímulo a frequência escolar, financiamentos para cursarem faculdades, promoção de atividades esportivas, parcerias para a conquista do primeiro emprego, entre outros. Apesar disso, o Brasil ainda apresenta índices preocupantes e que mostram a crise que nossa juventude enfrenta.

Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) indicam que o Brasil tem a sétima maior taxa de homicídios de jovens em todo o mundo. A afirmação é corroborada pelo Mapa da Violência, do Ministério Público, que mostrou que 47,85% do total de óbitos registrados no país foram de homens entre 15 a 29 anos.

Porém não é apenas na violência que podemos verificar os problemas que os jovens enfrentam, mas também na área profissional. O desemprego entre pessoas de 15 a 29 anos no país atingiu sua maior taxa em 27 anos, conforme apontou a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com aproximadamente 30% das pessoas nessa faixa etária fora do mercado de trabalho.

Somado a isso, temos um comprovado aumento no índice de obesidade, baixo número de representantes públicos jovens e poucos órgãos representativos e atuantes desse segmento, como conselhos municipais e grêmios estudantis. São fatores que afetam a qualidade de vida e a garantia de direitos.

Basicamente todas as políticas públicas são complementares, logo fortalecer ações nas áreas de educação, esporte, saúde, cultura, trabalho, entre outros, irão ter um papel relevante para afastar o jovem da criminalidade e violência, criando uma rede de serviços que ajuda a gerar condições para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Um dos grandes desafios para disseminar essa rede de serviços nas esferas municipais, estaduais e federal encontra-se no fato que muitos jovens ainda desconhecem seus direitos e os programas que lhes são ofertados, que certamente ajudariam a melhorar os índices citados. Tornar as políticas públicas efetivas para os jovens exige aproximá-los para o diálogo e despertar o seu interesse.

Para alcançar esse objetivo é preciso aperfeiçoar constantemente a comunicação, que não pode ser focada exclusivamente em campanhas institucionais ou apenas nos veículos tradicionais, mas acompanhar as tendências, linguagem e interesses dos jovens, especialmente em relação à internet, redes sociais e novos canais de interação.

Outras formas de representações e espaços para debates também fortalecem esse trabalho, como a criação de Conselhos Municipais da Juventude, promoção de Audiências Públicas Jovens, parcerias com entidades sociais e realização de ações intersetoriais que reúnam diversas atividades e serviços de interesse desse segmento.

A participação social, política e profissional dos jovens são elementos essenciais para o exercício pleno da cidadania. Promover condições para que conheçam e alcancem a sua garantia de direitos resultará em maior autonomia, inclusão e pensamento crítico, oportunizando que, cada vez mais, se tornem protagonistas de transformações positivas na sociedade.

Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná (ITV-PR)


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