26 de outubro de 2017

Márcio Ferreira investiga desvio de combustíveis da Prefeitura

O secretário municipal de Obras e Serviços Públicos, Márcio Ferreira, abriu uma Sindicância e uma auditoria interna para investigar um desvio de combustíveis da Prefeitura de Ponta Grossa nas últimas duas gestões: Marcelo Rangel – PPS (2013-2016) e Pedro Wosgrau Filho – PSDB (2009-2012). Esta é a segunda vez que o secretário investiga o caso, segundo ele, uma Sindicância anterior foi arquivada com a alegação que as contas dos últimos três anos haviam sido aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR). “Existe um desvio, uma diferença grande do combustível que foi utilizado. Eu não sei se foi desviado ou se faltou controle. Estamos fazendo um estudo dos últimos anos, que está sendo coordenado pelo contador da Secretaria. Vamos achar tudo o que foi feito desde a época do Wosgrau”, afirmou Ferreira, se limitando a dizer que o montante desviado foi “um valor significativo”, preferindo não dar maiores detalhes até a conclusão da investigação, prevista para terminar em 30 dias.

A investigação, segundo o secretário, se deram por conta de denúncias de desvios feitas pelos próprios servidores da Secretaria, o que foi constatado pela equipe designada por ele para atuar no setor. “Não tinha controle e não era informatizado. A Câmara de Vereadores, que é um poder independente, abastecia aqui. Todo mundo abastecia, órgãos estaduais e o Corpo de Bombeiros que não tem vínculo nenhum com o Município. Tem carro que abastecia um quilômetro por litro”, revela, informando que atualmente além da Câmara Municipal, diversas autarquias e secretarias municipais possuem contratos de abastecimento das suas frotas de veículos independente, citando o exemplo da Saúde e Educação, mas que ainda existe um convênio com a Secretaria de Obras e Serviços Públicos que permite o abastecimento no Parque de Máquinas.

Desde que assumiu a pasta no início do ano, Ferreira adotou medidas visando coibir qualquer tipo de novo desvio, como a medição milimétrica diária e a instalação de cadeados nos tanques e o controle de quilometragem. O secretário afirma ainda que ampliou o quadro de servidores administrativos e destacou cinco servidores para atuarem na fiscalização do consumo de combustível. “Cada centímetro que o tanque desce, representa mil litros consumidos. Por isso a medição com a régua. Antes ficava na mão de uma única pessoa e não pode. Hoje eu recebo as informações do consumo e do destino diariamente. Agora o rigor é absoluto”, conta.

As investigações, segundo Ferreira, foram autorizadas pelo prefeito Marcelo Rangel (PPS). “O prefeito Marcelo Rangel quer tudo esclarecido. O que estou buscando é deixar a Secretaria 100% correta e as pessoas que erraram, sejam responsabilizadas. Não tenho como deixar de fazer este estudo e colocar ordem na casa”, disse o secretário, lembrando que após a denúncia, caso deixasse de investigar, poderia ser responsabilizado. “Queremos saber para onde foi. O contribuinte ponta-grossense tem esse direito”, conclui.

Márcio Ferreira se comprometeu de informar o atual consumo de combustíveis da Secretaria. Na última semana foi regularizado a falta de diesel, segundo o secretário, devido “ao ritmo intenso dos trabalhos”.

Ontem, Márcio Ferreira publicou um vídeo no seu perfil pessoal no Facebook, mostrando como é feito o controle do abastecimento, confira.

Ex-secretários negam desvio

Os antecessores de Márcio Ferreira na Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos são o atual chefe de gabinete, Alessandro Lozza de Moraes (gestão Rangel), e o secretário municipal de Planejamento, Celso Sant’anna (gestão Wosgrau). “Acredito na integridade moral dos ex-secretários. Não vejo nenhum problema. É mesmo coisa se alguém quiser investigar a minha gestão na ARAS, fiz tudo corretamente”, defende Ferreira.

Alessandro diz que o problema é uma questão contábil e está sendo analisado pela Controladoria Geral do Município (CGM). Segundo ele, quando assumiu a Secretaria no primeiro mandato do prefeito Marcelo Rangel, foram feitas adaptações e diversos órgãos foram notificadas, citando o exemplo da Câmara Municipal. “Não é desvio, é uma questão contábil. Nem eu sei explicar direito, quem pode explicar melhor é a Controladoria. Tudo foi sendo resolvido gradativamente ao longo dos primeiros quatro anos. Atualmente com o controle da frota, é quase que praticamente sanado este problema”, afirma o atual chefe de gabinete, negando qualquer tipo de irregularidades na sua gestão.

Celso Santa’nna rebateu a acusação de Ferreira de que não havia controle. “Sempre tivemos um controle muito rígido. De acordo com a nota fiscal que chegava dos caminhões, era dividido pelas secretarias. Tanto que todas as nossas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas”, afirma o atual secretário de Planejamento. Ele lembra de um episódio que o tanque de combustíveis precisou passar por uma reforma devido a vazamentos. “Mas foi coisa ridícula. Desconheço por completo e vejo com muita tranquilidade. Não cabe questão de desvio”, rechaçou, informando que todos os abastecimentos, inclusive do Corpo de Bombeiros, eram registrados e os chefes de cada divisão da Prefeitura assinavam uma ordem de abastecimento. “Não sei da onde que este rapaz está tirando isso”, finaliza.

O controlador geral do Município, Lauro Costa, informou que a sindicância está em análise, não sendo possível repassar qualquer informação no momento.

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