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Entidades do setor produtivo repudiaram o envolvimento da instituição com um evento do MST em comemoração ao aniversário de uma invasão a uma fazenda voltada a pesquisas agropecuárias da região
Nesta semana acompanhamos estarrecidos nas redes sociais um cartaz de um evento do MST (Movimento Sem Terra) em comemoração ao aniversário de uma invasão a uma fazenda voltada a pesquisas agropecuárias em Castro, que tinha como principal colaborador a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Após o BLOG DO JOHNNY repercutir a polêmica na última segunda-feira, 14 (relembre), a Associação dos Engenheiros Agrônomos dos Campos Gerais (AEACG), Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG), Núcleo Sindical Rural dos Campos Gerais, Sindicato Rural de Ponta Grossa, e a Sociedade Rural dos Campos Gerais, emitiram nota de repúdio ao evento apoiado pela UEPG. “Não temos nada para comemorar, mas sim ficar indignados e tristes por vermos um campo de pesquisa importante para o desenvolvimento da agropecuária dos Campos Gerais e do Paraná invadido. A fazenda tomada, hoje está fatiada e com características de loteamento urbano, prejudicando inúmeros trabalhos de estudos realizados há décadas”, diz um trecho do documento.
O presidente da ACIPG, Douglas Taques Fonseca, cobra uma explicação por parte do reitor da UEPG, Carlos Luciano Santana Vargas. “Queremos que o reitor se explique. Se ele não sabia, vamos fazer uma recomendação para que tome mais cuidado na administração da instituição, para não deixar que essas coisas aconteçam. Se ele disser que sabia e apoiou, vamos dar um cacete nele. Como a UEPG pode patrocinar e apoiar uma entidade como o MST, que participa de invasões a órgãos de pesquisa”, promete Fonseca, informando que a entidade enviou um ofício ao reitor cobrando explicações, prometendo inclusive, veicular outdoors pela cidade para tornar público o descontentamento com a situação. “Se não apoiou, não está sabendo administrar a instituição e as coisas estão acontecendo sem ele saber. E se apoiou, pior ainda”, avalia o presidente da ACIPG.
Taques Fonseca não poupa críticas ao MST. “Um grupo que vive invadindo as coisas dos outros. Invadiram e destruíram um órgão de pesquisa na Fazenda Capão do Cipó, da Fundação ABC em Castro. E agora usando o nome da UEPG para promover aniversário da invasão. É um absurdo”, condenou.
Na opinião do presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais (SRCG), Edilson Gorte, o apoio da UEPG ao evento contraria a finalidade da instituição. “A Universidade não pode participar de um evento desse tipo. Eu nunca vi ela colaborando com a quermesse de nenhuma igreja ou alguma festa. Creio que ela não tem essa finalidade. A Universidade tem a finalidade de investir em pesquisa e ensino. Fiquei surpreso quando eu vi a logomarca da UEPG naquele cartaz e questionamos o reitor e ele disse desconhecer o que estava acontecendo, prometendo que iria se inteirar. Esperamos e tivemos a resposta que ele não se manifestaria publicamente. A entidade que quisesse resposta deveria enviar um ofício. Achamos isso um descaso com a comunidade”, criticou Gorte a posição de Vargas. “Foi tomado uma área de uma fundação de pesquisa. Como a Universidade vai tomar partido? Ficam usando o nome da UEPG e não pode. Vamos botar ordem na casa”, cobrou o presidente da SRCG.
Gorte diz que aguarda uma resposta sobre a participação da instituição no evento dos sem-terra. “Ele [reitor] não pode fazer o que quiser lá”, defende o ruralista, afirmando que mesmo que a marca tenha sido utilizada com a autorização de algum docente ou departamento da Universidade, essa responsabilidade compete à Reitoria.
Para o presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa, Gustavo Ribas Neto, a UEPG precisa ter transparência e esclarecer o seu envolvimento com o evento. “A Universidade tem que se posicionar e esclarecer os fatos. Não sabemos quem é que colocou aquilo. A Universidade, como uma entidade pública, precisa ter transparência com toda a população e não pode incentivar uma invasão ilegal. Precisa tomar providências e caso tenha sido uma iniciativa da instituição, está completamente errada”, acredita Ribas Neto.
Procurado pela reportagem do BLOG DO JOHNNY, o reitor da UEPG, Carlos Luciano Santana Vargas, se recusou a gravar entrevista sobre o assunto. Ele informou através da sua assessoria de imprensa que somente se manifestaria através de nota. No documento, divulgado ontem, a Reitoria da UEPG esclarece que: “Não tem qualquer relacionamento formal com o referido acampamento e nem autorizou o uso de sua logomarca, tampouco colaborou ou colabora com a realização do evento em questão. A UEPG não apoia eventos de natureza festiva, uma vez que, como instituição pública, não pode dispor de recursos de qualquer natureza para apoiar, colaborar e ou prestigiar atividades que não sejam de cunho educacional, científico, cultural e esportivo, assim como ações de ensino, pesquisa e extensão”.
A Reitoria informa ainda que irá apurar o uso da logomarca da instituição. “A Reitoria seguirá apurando internamente se algum órgão ou membro da comunidade universitária autorizou de forma indevida a utilização da logomarca da instituição na divulgação do evento em pauta, para adotar as providências previstas nos seus regulamentos internos. Da mesma forma, acionará os responsáveis juridicamente, caso seja constatado o uso indevido da logomarca da instituição por pessoas estranhas à comunidade universitária”.
Luciano Vargas teve o apoio de 'intelectuais petistas' em sua eleição
Com a divisão da direita que mantém há décadas o comando da UEPG entre as candidaturas de Carlos Luciano Santana Vargas e Miguel Sanches Neto, na última eleição para a Reitoria, para não perder o poder, o grupo de Vargas “vendeu a alma” aos “intelectuais petistas” ligados ao deputado estadual Péricles de Holleben Mello (PT). Como retribuição ao apoio, Vargas nomeou a professora Solange Aparecida Barbosa de Moraes Barros como sua chefe de gabinete. Solange foi secretária municipal de Assistência Social no governo Péricles do PT.
Dentro da UEPG há uma teoria que o atual comando da instituição faz ‘vistas grossas’ ao aparelhamento do PT e da esquerda na Universidade. Há relatos que docentes esquerdistas abusam como nunca antes visto da doutrinação ideológica em sala de aula.