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Ontem, 07, foi dia de matar as saudades das salas de aula para cerca de dois mil alunos da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Após um hiato de 23 meses, devido à pandemia da Covid-19, em que as aulas aconteceram de forma remota, os alunos retornam às atividades presenciais.
Ontem, 07, foi dia de matar as saudades das salas de aula para cerca de dois mil alunos da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Após um hiato de 23 meses, devido à pandemia da Covid-19, em que as aulas aconteceram de forma remota, os alunos retornam às atividades presenciais para a realização de aulas práticas. As atividades dos cursos de pós-graduação e de extensão e cultura também voltam a ser realizadas presencialmente. Em quatro semanas (07 de março), o retorno é das aulas teóricas, que já acontecem em formato remoto desde 02 de fevereiro.
Para uma turma de alunos de Agronomia, a primeira aula do dia já foi com novos aprendizados, no laboratório de Botânica. O professor Fabiano Maia, do departamento de Biologia Geral, conta que preparou uma aula bastante dinâmica para o retorno. “Hoje eles estão tendo a oportunidade de se colocar como cientistas e montar os materiais que eles vão visualizar no laboratório. Estamos trabalhando hoje com caules de batata, por exemplo, e eles vão montar as lâminas desse caule, para que eles possam então visualizar no microscópio”, explica.
As expectativas de alunos e de professores são altas, tanto para a volta aos ambientes da Universidade quanto para complementar a formação teórica tida nas aulas remotas com a vivência nos laboratórios. “Ter essas vivências era algo que eles falavam que queriam muito durante as aulas, no remoto: conhecer o laboratório, manusear o material”, destaca Fabiano. “Muitas coisas, especialmente na botânica, a gente acabava mostrando através de imagens, e agora eles têm a oportunidade de descrever essas imagens, ver de onde saem, montar os materiais”.
O professor Adriano Gonçalves Viana, do Departamento de Química, também reforçou a importância da vivência de laboratório para a formação dos alunos. “Tenho sentido que meus alunos estavam ansiosos com esse retorno. Alguns entraram na Universidade durante a pandemia, então basicamente não tiveram experiência no laboratório”, diz. “As expectativas são as melhores possíveis, com muita segurança e responsabilidade”. Os equipamentos de proteção individual já são velhos conhecidos dos laboratórios da Universidade, então a adaptação ao uso de máscaras, higienização de mãos e de superfícies e distanciamento social deve ser relativamente tranquila, segundo o professor.
Nas aulas práticas do curso de Medicina, a professora Maria Dagmar da Rocha é uma das responsáveis, também, por auxiliar os alunos no seguimento dos protocolos de biossegurança. “Dividimos as turmas, sendo que cada professor fica com no máximo sete alunos, trabalhamos muito com a questão da higienização das mãos, o uso correto da máscara, distanciamento”, enumera. Mas o ganho no aprendizado é o ponto principal, para ela: “Aqui, eles vão fazer associação entre a teoria e a prática”.
Em março de 2020, o Conselho Universitário decidiu suspender as atividades presenciais não-essenciais, devido à pandemia do novo coronavírus. Nos 23 meses que se seguiram, a UEPG continuou com atividades remotas, para professores, alunos e coordenadores de curso, e com trabalho presencial na parte administrativa, obras, manutenção e preservação dos campi, pós-graduação, pesquisa, atividades de cursos da Saúde, atendimento à comunidade em projetos como a Clínica Odontológica e em órgãos como a Fazenda Escola, Museu Campos Gerais e os Hospitais Universitários.
Como bolsista da iniciação científica, a Grasiele Gouveia, cursando o segundo ano de Engenharia Civil, já frequentava os laboratórios da UEPG há alguns meses. Por isso, a ansiedade é por ver de novo os corredores cheios de rostos conhecidos. “Sofri muito com o isolamento no começo da pandemia, então agora voltar a ver pessoas que eram do convívio da gente é muito bom”, comemora.
AMOR ANTES DA PRIMEIRA VISTA – Para muitos estudantes, o mês de fevereiro marca o primeiro contato presencial como graduandos com a Universidade Estadual de Ponta Grossa. Para Ketlin Karolaine de Araújo, acadêmica do primeiro ano de Educação Física, a ansiedade estava grande por poder concretizar o sonho de estudar na UEPG. “Ontem mesmo eu passei na frente do Campus e estava ansiosa para entrar dentro da Universidade e conhecer esse mundo acadêmico, porque é muito diferente da escola ou colégio”, relata. O contato com os colegas, que até então era por trás das telas dos computadores e celulares, agora pode ser um pouco mais próximo.
Aluna de Artes Visuais, Merlyn Camargo também sentiu a dificuldade das atividades remotas, necessárias até então para diminuir o contágio pelo vírus da Covid-19. “Na minha área tem muita aula prática, então dificultou um pouco”, lembra. “Nós não estávamos acostumados, e nem os professores”. Agora, a felicidade de poder conhecer melhor colegas, professores e a Universidade se mistura ao temor de pegar o vírus ou de que as medidas restritivas precisem ser retomadas. “Estou esperando que seja um bom retorno e que volte tudo ao normal”.
ATIVIDADES DE INTEGRAÇÃO – “Esperanças renovadas”. “Força, sempre. E sempre em frente!”. “Que alegria!”. Os papéis coloridos foram tomando conta do painel disponibilizado para que alunos, servidores e professores compartilhassem seus sentimentos sobre o retorno presencial. Aos poucos, uma onda de otimismo tomava conta do espaço.
A ação foi organizada pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) e pelo Ambulatório de Saúde Integrativa (ASI). Como conta a pró-reitora, professora Ione Jovino, a ideia é acolher os alunos, muitos dos quais não tiveram a oportunidade de ter uma recepção da Universidade quando ingressaram como calouros. “É uma atividade de acolhida, para mostrar que tanto a Prae quanto o ambulatório são serviços que existem e que estão à disposição dos alunos”, explica.
“Foi uma forma diferente de começar as aulas e me chamou a atenção”, conta a acadêmica de Farmácia Julia Bueno. Ela participou da atividade e ficou feliz por ter esse contato com os serviços da Universidade, ainda que seguindo as medidas de biossegurança.
Durante os momentos de acolhida, nos campi Centro e Uvaranas, também aconteceram rodas de terapia comunitária integrativa e dança circular. “A integração é fundamental para oferecer espaços de criação de vínculos saudáveis, resgate da autoestima e promoção da saúde socioemocional dos estudantes”, enfatiza a coordenadora do ASI, Milene Zanoni. “O contato humano, a interação social e o afeto são essenciais para o bem-estar de todos. E esse momento de descontração tem essa função: trazer esperança e alegria para a retomada das ações educativas”.
BIOSSEGURANÇA – A Comissão de Planejamento e Discussão dos Protocolos de Biossegurança da UEPG elaborou, para o retorno seguro das aulas presenciais, um Protocolo de Biossegurança Institucional(disponível na íntegra em uepg.br/covid19 e em versão impressa nas entradas dos blocos) que traz normas válidas para alunos, professores e servidores que frequentam a instituição. O documento prevê a adoção de medidas como o distanciamento social, uso de máscaras de proteção, higienização constante de mãos e superfícies, além de procedimentos a serem tomados em áreas de uso comum, como bibliotecas e Restaurantes Universitários.
No RU em Uvaranas, o aluno do Colégio Agrícola Lucas Pontes deu a dica: o protocolo serve para embasar ações tomadas por cada um dos alunos, servidores e professores que frequentam a Universidade. “Para tudo funcionar realmente, não depende apenas do protocolo, mas de nós, como alunos, seguirmos corretamente as medidas”, recomendou. “São medidas de segurança não apenas para você, mas para sua família e para o próximo”.
“Turmas muito grandes vão ser divididas em duas ou três, para diminuir a aglomeração e manter o distanciamento social correto”, explica o técnico de laboratório Cícero Wislei Fernandes, que atua no departamento de Engenharia Civil. Ele conta que os servidores estão preparados para ajudar a controlar o uso das medidas de biossegurança, além de garantir que espaços estarão arejados e sem aglomeração. Depois de um semestre trabalhando nos laboratórios, no auxílio às pesquisas de alunos de iniciação científica e pós-graduação, já foi possível ter um “gostinho” do convívio com os alunos, que deve aumentar agora, com o retorno das aulas práticas.
A acadêmica de Medicina Maiza Pelissari Migliorini destacou um dos pontos do protocolo de biossegurança que, para ela, é uma garantia a mais para um retorno seguro: a exigência do comprovante de vacinação contra Covid-19. Já no primeiro contato com a Universidade depois de quase dois anos, Flávio José Moreira Bueno, acadêmico de Bacharelado em Química, reparou que os dispensers de álcool em gel estão reabastecidos, por toda a Universidade. Por essa e outras medidas, ele se sente seguro para o retorno presencial. “Agora com a Ômicron [variante do Sars-CoV-2] e os casos subindo, temos que voltar aos poucos, mas acho que desse jeito, está bem seguro”.
O Protocolo estabelece ainda a reavaliação contínua da situação epidemiológica, aumentando ou diminuindo as restrições conforme uma graduação de Bandeiras Sanitárias: Verde, Ciano, Amarelo, Laranja e Vermelho. A cada sete dias, a Comissão estabelece uma cor de bandeira, baseada em dados oficiais e informações repassadas por epidemiologistas e outros especialistas e pelos Hospitais de Referência para Covid-19 na região, como o Hospital Universitário (HU-UEPG). São consideradas, na análise, as taxas de transmissão e de ocupação de leitos Covid, situação epidemiológica do município e medidas de contingência. Os parâmetros são baseados na Estrutura de Planejamento de Continuidade de Atividades (Business Continuity Planning – BCP framework), adotado pela Universidade de Oxford.
Em caso de suspeita de contaminação por Covid-19, a comunidade universitária terá acesso a um Ambulatório de Triagem e Monitoramento, que recebe e acompanha notificações de casos suspeitos e confirmados, orienta o público interno a respeito das medidas de biossegurança e necessidade ou não de suspensão de atividades presenciais e direciona a atuação dos órgãos universitários diante dos casos de contaminação. A partir do momento do início dos sintomas, é obrigatório o preenchimento da Ficha de Notificação e a pessoa com suspeita ou confirmação de infecção não deve comparecer às dependências da UEPG. A notificação dos casos suspeitos ou confirmados é de responsabilidade de cada pessoa que compõe a comunidade universitária – docentes, discentes, agentes universitários e demais profissionais. (Com assessoria)