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A iniciativa visa prestar auxílio financeiro ainda durante o exercício de 2022 para as unidades que atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa é a primeira vez que o Estado realiza um aporte complementar dos valores pagos às unidades hospitalares contratualizadas com recursos próprios.
Mais de uma década de trabalho. De Regional a universitário, no ensino, pesquisa e atendimento integralmente SUS, o Hospital da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HU-UEPG) completa hoje, 31, 11 anos de existência. A instituição atua no atendimento de média e alta complexidade e recebe, além de Ponta Grossa, pacientes de mais 11 municípios da região.
O mês de março marca vários acontecimentos para a instituição. Em meio ao trabalho firmado no compromisso com a saúde pública, o HU completa um ano do desafio de ser referência no combate à pandemia. A UTI Covid-19 já soma mais de mil pacientes atendidos.
“Reestruturamos corajosamente todos os serviços do Hospital Universitário para salvar mais vidas”, destacou o reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto. O trabalho da atual diretoria foi incansável e inventivo, o que colocou o HU entre os mais destacados centros de referência de Covid do Brasil, de acordo com o reitor. “Parabenizo a todas as equipes, pois um hospital é antes de tudo as pessoas que se dedicam a outras pessoas. Sem dúvida, vivemos hoje o maior protagonismo de toda a história de 11 anos do nosso HU”, acrescentou.
O diretor do HU-UEPG, Sinvaldo Baglie, explicou que as frentes de trabalho desenvolvidas no hospital, referência no atendimento de qualidade e no ensino, foram acentuadas no combate à pandemia. “Com a integração de todas as equipes, e a união de esforços, o HU tem conseguido prestar o melhor atendimento possível, tendo sempre em vista o objetivo de salvar vidas”, destacou.
O diretor também enfatizou que a instituição se orgulha de garantir uma formação consistente para profissionais de saúde. “Em todos os setores o atendimento de qualidade se alia ao ensino, em especial nas residências uni e multiprofissionais”, disse.
Baglie afirmou que, neste último ano, os 10 leitos inicialmente destinados à Covid-19 no HU foram ampliados conforme a demanda. Atualmente, são 128 leitos exclusivos, sendo grande parte de UTI, numa estratégia conjunta com a Secretaria de Estado da Saúde. “Esse é um momento histórico, em que as equipes mostram todos os dias sua força e dedicação. Por este esforço cotidiano, agradecemos a cada um dos profissionais que atuam no hospital e garantem o melhor atendimento aos pacientes, independentemente do setor”, disse.
O desafio de atender à pandemia se somou a outro: contemplar também uma nova unidade hospitalar, o Hospital Universitário Materno Infantil (Humai). “A mudança para o antigo Hospital da Criança deu segurança para as gestantes, bebês e crianças, além de abrir espaço para ampliar o atendimento à Covid-19 no HU”, afirmou o diretor.
Em 2010, quando ainda era Hospital Regional de Ponta Grossa, a instituição tinha capacidade de 193 leitos. Quando a UEPG assumiu a administração da unidade, em 2013, o HU atendia 430 pacientes por mês, com 40 leitos ativos, dos quais 12 eram reservados para atender adultos na UTI, além de 18 leitos cirúrgicos e 10 clínicos. A partir daquele momento, passou a se chamar Hospital Universitário.
De lá para cá, o HU-UEPG expandiu sua capacidade de serviços no atendimento ambulatorial, de urgência e emergência, UTIs, exames e análises clínicas. O crescimento também se destaca na área do ensino, no atendimento materno-infantil, além do atendimento em unidades de terapia intensiva para tratamento da Covid-19.
UM ANO DE COVID – O mês de março também marca o trabalho de enfrentamento à pandemia. Há um ano, profissionais da Unidade de Terapia Intensiva se dedicam ao combate da Covid-19. O agravamento da pandemia exigiu mais esforços, leitos e insumos. No mesmo período do ano passado, o hospital tinha 10 leitos de UTI para os casos graves, e cinco leitos clínicos para casos moderados. Atualmente, o HU trabalha exclusivamente para atender pacientes com Covid-19 e casos de hemorragia digestiva, com 46 leitos de UTI Covid, 64 de Clínica Covid e 14 de UTI do Pronto Atendimento. Além disso, os 19 leitos de Clínica Geral e 10 da UTI também recebem pacientes Covid-19 de longa permanência.
Os profissionais que estão na ala dedicada ao tratamento do novo coronavírus rememoram o trabalho ao longo de um ano. Somente neste mês foram 213 pacientes internados, com 53 altas. Se contarmos desde o início da pandemia, o total de internados na ala Covid-19 chega a 1.547, com 1.158 altas na Clínica Covid-19 e 55 na UTI Covid-19. A média atual de permanência nos leitos, neste mês, é de cerca de nove dias nos leitos clínicos e 15 dias nos de UTI. Os números demonstram uma mudança no comportamento da pandemia, visto que, em 2020, a média era de 12 dias em leito clínico e 10 dias em UTI.
Segundo os profissionais que atuam na ala, a rotina está intensa. O enfermeiro intensivista Eduardo Blan de Oliveira lembra que, no início da pandemia, os profissionais ficavam à espera do pico da doença com medo, insegurança por não saber como cuidar e prestar uma assistência de qualidade aos pacientes. Aos poucos foram aparecendo os primeiros casos, até a lotação máxima neste ano. “Os casos diários só aumentam em algo nunca visto antes e, junto com a gravidade desses casos, o perfil de pacientes mudou. Até pacientes muitos jovens estão sendo acometidos e muitos com desfechos não favoráveis”, disse.
Mesmo em tempos difíceis, a alegria de ver pacientes se recuperando é o que motiva a técnica de enfermagem Karen Santos. “Sofríamos por ver um paciente jovem não apresentar melhora, e quando ele se recuperou alguns dias depois foi um alívio muito grande. Ele ter alta da UTI deixou a equipe muito feliz”, afirmou. A técnica em enfermagem Ana Karoline Gomes também frisa os momentos que ficarão na memória da equipe: “O que mais nos marca e nos emociona é o momento em que vemos o paciente ganhar alta, é uma sensação incrível, inexplicável”.
Profissionais que trabalham na UTI Geral também sentem o impacto do que as alas Covid-19 enfrentam. A equipe recebe pacientes de longa permanência, que não transmitem mais o vírus – acima de 21 dias da contaminação. “Alguns pacientes estão em estado extremamente grave, o que demanda muito mais atenção de toda a equipe. Esse momento exige muito do nosso físico e psicológico porque a todo momento surge uma intercorrência. Nós nos ajudamos muito entre a equipe para conseguir aguentar”, explicou a técnica em enfermagem Jaqueline Slotuk.
Além da superlotação, o que marca a profissional é a pressa de arrumar o leito para que outro paciente ocupe: “Poder cuidar de uma pessoa que está precisando é muito gratificante. Eu sei que posso ser a última pessoa que eles verão na vida ou a primeira, quando acordarem da sedação”.
MATERNO INFANTIL – O último ano foi de expansão. Em agosto, os serviços obstétricos da maternidade passaram a operar onde funcionava o Hospital da Criança que, a partir de então, se transformou no Hospital Universitário Materno Infantil (Humai). A nova estrutura tem 30 leitos de maternidade, 12 de Clínica Médica Pediátrica e 15 leitos de Clínica Cirúrgica Pediátrica, além de quatro de berçário, seis de UTI Neonatal, três de UTI Pediátrica e dois leitos de UCI, totalizando 72 leitos em atendimento integralmente gratuito.
O novo espaço de atendimento oferece um serviço completo: todas as enfermeiras da maternidade são especializadas em obstetrícia, com pediatra à disposição 24 horas na sala de parto, plantonistas obstetras, fonoaudiólogos, psicólogos, dentistas, fisioterapeutas e assistentes sociais exclusivos para maternidade. O Humai faz testes específicos nos bebês, nos olhos, orelha, pé, e é o único da cidade que faz testes da língua. Além disso, também oferece residência em enfermagem obstétrica.
Somente em fevereiro deste ano, o Humai realizou 296 internações, fez 251 partos, sendo 160 normais e 91 cesáreas. A ala do Pronto Atendimento recebeu 1.225 pacientes, número maior em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram realizados 1.031 atendimentos.
“Por termos excelentes profissionais e estarmos em uma região central, nosso fluxo de atendimento no PA aumentou”, expliou a enfermeira obstétrica Thalita Fonseca. “Muitas unidades de saúde estão atendendo exclusivamente Covid-19 e médicos desses locais, que realizavam o pré-natal, estão afastados por serem grupo de risco. Isso aumentou a nossa demanda, já que somos um hospital público e atendemos todas as pacientes que chegam”.
A diretora hospitalar do Humai, Maria Cristina Ferreira, destacou que a transferência deu condições físicas ao HU de ampliar o atendimento à pacientes com Covid-19. “Também proporcionou a mães e crianças da região uma nova oportunidade de atendimento e assistência, com segurança e qualidade, mesmo durante o cenário pandêmico”, disse. “Mesmo estando aqui há apenas um ano, tive um grande aprendizado, com histórias que comovem todos os dias. Uma vivência emocionante. Aqui o empenho e a dedicação são constantes e todo momento é de agradecer por tudo o que nos torna melhores pessoas e melhores profissionais”.
ENSINO – Quando o HU se tornou Hospital Universitário, em 2013, passou a dispor de Programas de Residência, com o compromisso de ser extensão de aprendizado junto do serviço integrado ao SUS. À época, eram oferecidas as especialidades de Clínica Médica, Cirurgia Geral e Medicina da Família e Comunidades. Atualmente, o hospital dispõe de 11 especialidades de residência médica, três residências uniprofissionais e seis multiprofissionais. Os alunos formados recebem o título de Especialistas na área que cursaram. A instituição possibilita a acadêmicos, residentes e docentes a oportunidade da prática e pesquisa em saúde, em diversas especialidades.
Fabiana Bucholdz Teixeira atua no HU-UEPG desde 2016, e deu início ao planejamento e execução do Programa de Residência Multiprofissional em Neonatologia, que iniciou no ano seguinte. Atualmente, é diretora acadêmica dos programas de residência do HU e Humai, além de cirurgiã dentista na odontologia materno-infantil e integrante da comissão de pesquisa científica do HU-UEPG. “Trabalhamos com o dever de tornar nosso hospital uma referência nas atividades de ensino, pesquisa e extensão”, afirmou.
Os compromissos firmados pelo HU no processo de ensino e aprendizado garantem os princípios na formação dos residentes e estagiários supervisionados. Atuar em um hospital que se estabeleceu referência no combate à pandemia impacta diretamente na formação dos profissionais, segundo Fabiana. “Com certeza, estamos em um momento histórico na formação dos nossos residentes, que têm novas possibilidades de atuação, de serem criativos e se requalificarem para atender dentro de novos fluxos”, acrescentou. (Com AEN)