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Reflexão sobre Previdência mobilizou 500 pessoas na última quinta-feira, 27. Segundo a igreja, “efeito negativo da reforma” deverá ser replicado nas comunidades
Perto de 500 fiéis de diversas paróquias de Ponta Grossa participaram da reflexão ‘A Igreja Profética em defesa da Previdência Social Pública’, promovida pela Diocese de Ponta Grossa, na noite da última quinta-feira, 27, no Salão Paroquial da Igreja São Sebastião, na Nova Rússia. A abordagem do tema, foi detalhada pelo auditor fiscal aposentado da Receita Federal, Luís Fernando Rettig, assessor da Cáritas Diocesana e presidente do Núcleo Local de Auditoria Cidadã da Dívida. O evento contou com a participação de sacerdotes, lideranças, deputado federal Aliel Machado (Rede), deputado estadual, Péricles de Holleben Mello (PT), vereador Felipe Passos (PSDB) e o ex-candidato a prefeito Sérgio Gadini (PSOL), representante da Frente dos Movimentos Sociais e integrante do Fórum em Defesa da Previdência Social, ao lado da Diocese.
A noite foi aberta com a leitura do Evangelho de Lucas 10, a passagem do Bom Samaritano, ao que, ao final, o coordenador diocesano da Ação Evangelizadora, padre Clayton Delinski Ferreira, perguntou: “e quem é o meu próximo?”, transportando o teor da mensagem de Jesus aos dias atuais. “O Bom Samaritano hoje é quem se importa com o outro, quem cuida, melhora a condição de vida do próximo”, ressaltou. O padre falou da importância do debate, da informação, comentando a nota emitida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ordem dos Advogados do Brasil e Conselho Federal de Economia (Cofecon), em que cita que “nenhuma reforma que afete os direitos básicos da população pode ser formulada sem a devida discussão com o conjunto da sociedade e das organizações”.
“As mudanças nas regras da Seguridade Social devem garantir a proteção aos vulneráveis, idosos, titulares do Benefício de Prestação Continuada, enfermos, acidentados, trabalhadores de baixa renda e trabalhadores rurais. Sem números seguros e sem a compreensão clara da gestão da Previdência torna-se impossível uma discussão objetiva e honesta, motivo pelo qual urge uma auditoria na Previdência Social”, destaca a nota da CNBB, afirmando que, no Brasil, 2/3 dos aposentados e pensionistas recebem um salário mínimo, e 52% não conseguem completar 25 anos de contribuição. O assessor da Cáritas, Luís Fernando Rettig, lembrou que é preciso conhecer para poder se posicionar. “E nós, como cristãos, precisamos nos posicionar. A noite, hoje, teve a participação de grande número de pessoas e a presença de quem pode interferir no processo, deputado federal, estadual, vereador. Tudo isso é importante na mobilização, porque só vamos conseguir reverter essa reforma através de mobilização”, enfatizou. Para ele, o evento tem efeito multiplicador. “Esse é o nosso objetivo: atingir as lideranças, porque essa proposta vai prejudicar grande número de pessoas”.
Padre Clayton reforçou essa intenção. “A reflexão auxiliou para que as pessoas pudessem ouvir, refletir e, agora, compartilhar nas comunidades esse esclarecimento que receberam aqui”.
O deputado Aliel Machado, integrante da bancada católica da Câmara dos Deputados, considerou a iniciativa de fundamental importância. “Algumas pessoas tentam conturbar, dizendo que se trata de assumir uma posição político-partidária e não é. Isso aqui é posição política no quesito ‘direitos sociais’. Quando existe um projeto governamental que cria desigualdade, que vai criar miséria e sofrimento, cabe a líderes políticos, religiosos e representantes de instituições que defendem o povo sem outros interesses, cabe a eles atuar”, avaliou.
Segundo o parlamentar, a Igreja Católica, a Diocese, está extremamente conectada com esses direitos que estão sendo retirados e se mobilizou. “Porque está comprovado que [a Reforma] vai gerar miséria, desemprego, consequências graves para os mais pobres. Foi feita uma explicação por um técnico, que trouxe dados reais, números verdadeiros, e foi de fundamental importância para conscientização. Quase 500 pessoas não sabiam como as coisas eram, não tinham conhecimento e a Diocese deu uma aula de cidadania, de dignidade humana e mostrou que está ao lado dos que mais precisam. Esse também é o papel da Igreja”. (Com assessoria)