3 de setembro de 2020

Montadora de caminhões TatraBras investirá R$ 102 milhões em PG

Divulgacão

Serão gerados 300 empregos diretos até 2026. A empresa da República Tcheca vai produzir em Ponta Grossa veículos off-road para solos difíceis, nas categorias 6x6 e 8x8, voltados para os setores de mineração, produção florestal e sucroalcooleiro. Início efetivo da produção está previsto para fevereiro de 2021.

A montadora de caminhões TatraBras, que pertence ao grupo CSG Aerospace, da República Tcheca, oficializou hoje, 03, investimento de R$ 102 milhões até 2026 em uma planta em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais. O protocolo de adesão da empresa ao programa de benefícios fiscais do Paraná foi assinado pelo governador Ratinho Junior e pelo presidente da empresa, Rui Lemes, no Palácio Iguaçu.

Serão gerados aproximadamente 300 empregos diretos no período de vigência do acordo, que prevê, ainda, preferência para contratação de mão de obra local e intercâmbio de dez estudantes brasileiros para participar de um programa de treinamento na matriz da Tatra, em Kopřivnice, na República Tcheca. A transferência de tecnologia, instalação da fábrica e início efetivo da produção estão previstos para fevereiro de 2021.

A TatraBras vai produzir em Ponta Grossa veículos off-road para solos difíceis nas categorias 6×6 e 8×8, voltados para os setores de mineração, produção florestal e sucroalcooleiro. A empresa deve desenvolver, ainda, veículos pesados para as áreas militares e de defesa. A produção atenderá o mercado brasileiro, sul-americano e a África, e a expectativa de volume de negócios deve ultrapassar R$ 500 milhões nos próximos anos.

O governador disse que a TatraBras se insere em um mercado com muito potencial no País e destacou o ingresso de mais uma empresa no cenário automobilístico estadual. O Paraná é um dos maiores polos produtores do País nesse setor. “A Tatra é um grande player mundial em caminhões pesados. O Brasil tem uma demanda gigante nesse setor porque é um grande produtor de álcool, de minério e de celulose a partir de campos florestais”, afirmou Ratinho Jr. “Não tenho dúvidas de que a empresa será muito feliz no Paraná e que esse será o primeiro de muitos investimentos”.

O governador destacou a vocação industrial de Ponta Grossa e a concretização do anúncio em um momento de retomada da economia e da geração de empregos. “Essa semana tem sido especial para o Paraná. A cooperativa Lar abriu um frigorífico com 1,9 mil empregos em Rolândia, o Grupo Boticário vai investir R$ 83,5 milhões no Estado e consolidamos o acordo com a Tatra. Todo investimento é muito planejado, ainda mais de multinacionais, e é bom ver que as empresas estão apostando no Estado e nos municípios paranaenses”, acrescentou Ratinho Jr.

O vice-governador Darci Piana, ex-cônsul honorário da República Tcheca no Brasil, foi um dos principais responsáveis pela atração da empresa. As negociações começaram há cerca de dois anos e foram concretizadas em uma viagem dele representando o Governo do Estado à Europa no ano passado. Na ocasião Piana apresentou aos empresários tchecos o potencial do Paraná em relação à infraestrutura de escoamento, capacidade energética e qualificação da mão de obra.

“Temos a missão de procurar empresas para gerar empregos no Estado. Ficamos felizes em gerar oportunidade, isso é dignidade para a nossa gente. Esses são caminhões diferenciados, específicos para determinadas funções. Atrás da Tatra tem uma cadeia gigante de fornecedores e tecnologia de ponta”, afirmou Darci Piana. “E num terceiro momento a empresa terá capacidade para produzir caminhões militares. O Brasil precisa se modernizar nesse aspecto. É uma empresa que vai ajudar muito o País e que nesse momento está acreditando no Estado do Paraná”.

PRODUÇÃO – Essa será a primeira planta da montadora no Brasil. O barracão de seis mil metros quadrados que abrigará a multinacional começou a ser construído há aproximadamente um ano e fica no distrito industrial de Ponta Grossa, às margens da BR-376. Num segundo momento ela também terá uma pista de teste para os veículos no município.

Inicialmente a produção utilizará o sistema CKD (somente montagem no Paraná), mas os últimos meses de 2020 já serão utilizados para estruturar o início do ciclo de investimentos mais robusto da empresa nesta planta para produzir veículos a partir de partes, motores, componentes e acessórios fabricados ou fornecidos por empresas brasileiras, especialmente paranaenses. A planta terá capacidade para produzir 225 caminhões por ano a partir de 2022 e até 800 caminhões/ano depois de 2025.

Boa parte dos componentes dos caminhões deve ser adquirida da DAF de Ponta Grossa, que pertence ao grupo PACCAR, com quem o CSG Aerospace tem uma parceria na Europa. Muitas peças utilizadas pelos caminhões e veículos da Tatra no exterior são provenientes da DAF, como os motores, cabines, conjuntos ópticos, entre outros itens.

“Vários estados pediram essa planta, mas o forte relacionamento com o Estado, foi preponderante. O Paraná foi escolhido pela pujança, pelo relacionamento entre as entidades empresariais, pela competitividade de Ponta Grossa. Fizemos uma pesquisa muito forte de concorrência antes desse investimento”, explicou Rui Lemes. “Nossos caminhões não são exatamente iguais aos on road fabricados no País. Eles são off-road, o diferencial é a flexibilidade dos eixos. Existe essa lacuna no mercado”.

O presidente da TatraBras destacou que o objetivo da parceria é gerar novos mercados para a empresa e desenvolvimento econômico para o Paraná. “A ideia é atingir toda a América Latina. Temos 39 consulados credenciados no Estado, ou seja, os países com representação no Paraná certamente estão juntos nessa empreitada. Já temos diálogos avançados com o Chile e Angola e a ideia é ampliar essas negociações”, afirmou Rui Lemes.

Esse é o primeiro grande investimento da CSG Aerospace no Brasil. A holding possui 21 empresas em seu guarda-chuva e já há negociações em andamento para novas plantas.

TATRA – A montadora automotiva é uma das fábricas de caminhões mais antigas do mundo, com 170 anos de história. Ela é conhecida pelos veículos de alta tecnologia, caminhões para a indústria bélica e sobreviveu a duas grandes guerras mundiais no século passado e às grandes transformações da República Tcheca, antigo Império Austro-Húngaro e Tchecoslováquia.

“É uma empresa muito antiga. Nossa indústria automobilística já tem mais de 100 anos. Essa empresa é um dos diamantes da coroa industrial da República Tcheca, conquistando fama mundial. Era uma questão de tempo até ela conquistar o mercado latino-americano”, destacou a embaixadora da República Tcheca no Brasil, Sandra Lang Linkensederová.

“Hoje é um grande dia para a República Tcheca. A diplomacia é o caminho trilhado para concretizar o comércio exterior. O Brasil tem muito potencial e tivemos sorte de encontrar parceiros como o Paraná. Essa sinergia era fundamental para que os empresários tchecos tivessem coragem de investir a dez mil quilômetros de suas casas”, acrescentou a embaixadora. “Agora vamos trabalhar com o Paraná para abrir novas oportunidades”.

MERCADO AUTOMOTIVO – Com a instalação da TatraBras, o Paraná se consolida como um dos maiores polos automotivos do Brasil. Atualmente o parque paranaense responde por 15% da produção nacional de veículos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Carros, caminhões, ônibus, vans, tratores e colheitadeiras, além de motores, cabines, acessórios e peças, formam o rol de produtos da cadeia automotiva paranaense. São cerca de 600 indústrias envolvidas no sistema produtivo.

O Paraná abriga montadoras globais de veículos como a Renault, Volkswagen-Audi, Volvo e DAF; de maquinário, como New Holland e Caterpillar; de motores, FCA Fiat Chrysler e Paccar; e de pneus, Dunlop. A produção deste grupo abastece o mercado doméstico e também países da América do Sul, Europa, Ásia e Estados Unidos.

A indústria automotiva do Paraná se fortaleceu ao longo dos anos, contribuindo para o adensamento de cadeias, e multiplicou o valor gerado pelo parque industrial paranaense. A fabricação de automóveis e utilitários responde por 7,6% do Valor da Transformação Industrial (VTI) do Paraná, enquanto a produção de autopeças responde por 2,8%, de caminhões e ônibus, por 2,1%, e a de cabines, carrocerias e reboques atinge por 0,28%, segundo a Pesquisa Industrial Anual – Empresa, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O setor fechou 2019 como o quinto principal exportador do Estado, representando 4,1% de tudo o que foi negociado com o exterior. Foram US$ 668 milhões em vendas, atrás apenas das exportações do setor agropecuário (soja, milho, carnes congeladas). Apenas São Paulo exportou mais, US$ 1,5 bilhão. Argentina, Colômbia e México foram os principais destinos dos veículos paranaenses. (Com AEN)


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