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Inaugurado pelo governador Ratinho Junior, novo centro de educação profissional fica em Ortigueira e é fruto de uma parceria entre o Governo do Estado, a Klabin e a Prefeitura. Investimento é de R$ 35 milhões e a capacidade é para 800 alunos.
O governador Ratinho Junior (PSD) inaugurou na última sexta-feira, 31, a primeira escola técnica de operação florestal do Brasil, em Ortigueira, nos Campos Gerais. O Centro Estadual de Educação Profissional Florestal e Agrícola é fruto de uma parceria entre o Governo do Estado, a Klabin e a Prefeitura. O investimento total foi de R$ 35 milhões, sendo R$ 12 milhões repassados pela Secretaria da Educação e do Esporte.
A escola funcionará no prédio que foi utilizado como alojamento dos trabalhadores do Projeto Puma, da Klabin, um dos maiores investimentos privados da história do Paraná, construído com incentivo do Governo do Estado. A estrutura de 37,7 mil metros quadrados foi doada pela Klabin e conta com quartos, banheiros, salas de aula, cozinha industrial, refeitório, campo de futebol, área de lazer e laboratórios de biologia, mecânica, solos e corte e afiação.
A escola tem capacidade para 800 alunos (até metade no regime de internato, que possibilita o ingresso de estudantes de diferentes regiões do Paraná). Nesse primeiro semestre serão 172 alunos distribuídos em quatro turmas – 112 moradores locais e 60 em regime de internato.
O governador ressaltou que a escola, que começará a funcionar neste mês, será exemplo para o Brasil e a América Latina pela qualidade técnica de ensino e do projeto pedagógico inspirado em modelos da Suécia e da Finlândia. “Formaremos profissionais com metodologia de trabalho e ensino finlandeses, considerada a melhor educação do mundo. Ensinaremos esses jovens a ter uma profissão e a crescer na carreira, tudo isso dentro de um espaço muito moderno”, afirmou Ratinho Jr. “Essa escola é um trampolim na vida dos jovens do nosso Estado. Qualquer empresa no País ou no mundo poderá contratar profissionais paranaenses altamente qualificados a partir dos próximos anos”.
Segundo Ratinho Jr., o formato misto para moradores locais e internato permite acesso a todos os paranaenses que têm interesse em estudar as áreas técnicas florestais e também o agronegócio, área que foi incluída na formação a pedido da Secretaria da Educação e do Esporte. A educação brasileira, destacou o governador, precisa acompanhar a mudança comportamental das novas gerações e as evoluções impostas pelas novas tecnologias.
“O País ainda não aprendeu a oferecer formação técnica aplicada para que os jovens saiam do Ensino Médio com uma profissão. Essa escola fará com que esses alunos não apenas tenham novas oportunidades na vida, mas independência para percorrer o mundo”, acrescentou.
RESGATE – Gláucio Dias, diretor-geral da Secretaria da Educação, afirmou que o objetivo do Governo do Estado é o resgate do ensino profissionalizante. “No passado tínhamos muitas escolas nessa linha, que estimulavam a formação profissionalizante. Com esse projeto e outras ideias em gestação, vamos entregar possibilidades de futuro melhor, inclusive para atender uma grande demanda do mercado global do agronegócio”, disse. “Além disso, esse projeto evita a evasão escolar e o êxodo rural e pode gerar mais desenvolvimento na região. É uma iniciativa social e econômica, com ganho imensurável, e antenada aos novos tempos”.
BOM MOMENTO – A escola também complementa o bom momento da economia paranaense e do mercado de celulose. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento industrial estadual foi de 5,4% em 2019, puxado também pelo setor de papel e celulose (1%). Além disso, papel e celulose foram o quarto principal item da pauta de exportações do Paraná no ano passado e a super safra estimada para 2020 deve demandar ainda mais dessa indústria.
O Estado concentra 13% do total de florestas plantadas no Brasil e um estudo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) aponta capacidade de investimento na ordem de R$ 32,9 bilhões no setor até 2023. Papel e celulose empregam 3,8 milhões de pessoas no País.
José Totti, diretor florestal da Klabin, destacou a expansão do mercado de celulose no Brasil, mas disse que ainda há deficit de técnicos qualificados para operar maquinário com tecnologia embarcada. “A gente tem que pegar pessoas e treinar do zero. Esse treinamento leva dois anos. Não dá para continuar com essa realidade. Queremos aproveitar melhor a produtividade das pessoas e das máquinas. Com os cursos técnicos, os jovens entrarão no mercado de trabalho já na metade da curva de aprendizagem”, destacou. “Essa escola levará jovens do Paraná para o Brasil inteiro, com possibilidade de emprego muito alta. É um marco no setor educacional do Estado”.
ANSIEDADE – Milaine Aparecida Rodrigues Nunes, 14 anos, mal consegue administrar a ansiedade com o começo das aulas. Ela cursará conjuntamente o Ensino Médio e o técnico em Agronegócio. A jovem é de uma comunidade rural de Ortigueira (Água das Pedras) e pretende ajudar os pais, que plantam feijão e milho, a expandir a fazenda. “Eu já moro no sítio e ver como funciona a administração na prática vai ajudar muito. Até para saber como investir quando for a hora. Em Ortigueira não havia colégio com esse foco de oportunidade”, afirmou.
Sidemar Rodrigues de Souza, 34, também morador de Ortigueira, vai começar o técnico em Manutenção de Máquinas Pesadas, que será sua primeira formação profissional. Ele é operador de uma colheitadeira em fazendas de grãos da região. “Tudo o que eu sei do dia a dia fui aprendendo por conta, e com alguns cursos de 24h. Ter um treinamento oficial vai ajudar imensamente minha profissão”, pontuou.
A escola também traz novas perspectivas de vida para Danilei lara Gonçalves, 27 anos. Ele fará o técnico em Manutenção de Máquinas Pesadas no contraturno do emprego oficial, na Klabin, onde é operador há quatro anos. “Já trabalho na área florestal e a manutenção me auxiliará a conhecer melhor os equipamentos. Quero melhorar na área em que eu estou, e, se pintar alguma vaga nova, é importante ter uma carta na manga”, afirmou.
Formação será concomitante com o Ensino Médio e de complementação técnica
Os cursos oferecidos no Centro Estadual de Educação Profissional Florestal e Agrícola são técnico em Operações Florestais, técnico em Manutenção de Máquinas Pesadas e técnico em Agronegócio. A formação oferecida é nas modalidades integral, concomitante com o Ensino Médio, e subsequente, quando o aluno já tem a formatação e faz apenas a complementação técnica.
Os requisitos para os técnicos em Operações Florestais e Manutenção de Máquinas Pesadas são 18 anos completados no ato da matrícula e certificação de conclusão do Ensino Médio. Os cursos têm duração de um ano e meio a dois anos, dependendo do turno. Já para o técnico em Agronegócio o requisito é ter concluído o Ensino Fundamental e o curso tem duração de três anos.
A Secretaria de Estado da Educação fez as adaptações necessárias para acessibilidade e construiu uma oficina mecânica e uma quadra poliesportiva coberta. O investimento do Governo do Estado foi de R$ 12 milhões.
Como se trata de uma formação ainda inédita no Brasil, a Klabin disponibilizou instrutores para participarem do processo seletivo dos professores da escola. Ao todo, 25 professores já foram contratados, e ainda passarão por capacitação profissional. Funcionários da Klabin também trabalhão no Centro.
Modelos da Suécia e da Finlândia inspiraram projeto pedagógico
Para desenvolver o projeto pedagógico, representantes da Klabin, da Secretaria da Educação e da Prefeitura visitaram, em 2017, escolas que são modelos na Finlândia e Suécia, na Escandinávia, referência mundial nesse modelo integrado.
“Estou nesse projeto desde 2016 e os cursos que a Klabin propôs na época não existiam no nosso catálogo, mas nós compramos a ideia e fomos atrás de experiências similares fora do País. Fizemos a viagem, coletamos as experiências e o Conselho Estadual de Educação nos orientou para aplicar as ideias. Nesse formato, os alunos terão disciplinas que podem ser aproveitadas em qualquer lugar do mundo”, afirmou Sueli Aparecida Martins, chefe do Núcleo Regional de Educação de Telêmaco Borba (que engloba Ortigueira).
Segundo ela, as escolas técnicas europeias já manifestaram interesse em realizar intercâmbios futuros de alunos e professores e algumas empresas do setor agroflorestal também já se comprometeram a conceder estágios supervisionados aos estudantes. Atualmente, um operador florestal ganha cerca de R$ 2 mil mensais em início de carreira.
“É uma escola aberta a qualquer estudante. A turma de técnico em Agronegócio, por exemplo, fechou muito rápido. Nós pensamos em aliar a demanda agrícola do Estado com a demanda por cursos técnicos na área. Entendemos a demanda do setor florestal e aproveitamos para potencializar a nossa vocação”, complementou a chefe do NRE.
Governo do Estado e Klabin mantêm parceria estratégica
O Centro Estadual de Educação Profissional Florestal e Agrícola, inaugurado na sexta-feira, 31, em Ortigueira, é mais um capítulo da história da parceria estratégica entre o Governo do Estado e a fabricante de celulose Klabin. A associação de forças envolve investimentos em infraestrutura nos Campos Gerais, geração de emprego, capacitação e ampliação da capacidade de exportação.
A Klabin, fundada em 1899, é a maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil. Ao todo, são 18 unidades industriais no Brasil e uma na Argentina. As três fábricas instaladas no Paraná ficam em Telêmaco Borba, Ortigueira e Rio Negro. Os empreendimentos geram mais de 10 mil empregos diretos e indiretos, e impactam 25 municípios.
“Essa parceria é motivo de orgulho porque todos sabemos da importância da Klabin para o Estado e o Brasil, há muito tempo investindo em projetos sociais e ambientais, além da geração de emprego. São 120 anos no Estado. Ela é responsável por grande parte da história da industrialização do Paraná”, afirmou o governador Ratinho Jr., na inauguração da escola.
No ano passado, a empresa anunciou investimentos de R$ 9,1 bilhões na ampliação da planta em Ortigueira, o projeto Puma II. “Qualquer lugar do mundo queria esse projeto, e conseguimos manter ele no Paraná. Esse investimento também atrai outras empresas para o Estado. A Klabin acredita muito na força dos paranaenses”, complementou Ratinho Jr.
José Totti, diretor florestal da Klabin, disse que o Paraná é um Estado excepcional para a atividade florestal, que apresentou crescimento de 1% entre janeiro e novembro de 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “É um lugar único no mundo, essas terras no Paraná. E nós vamos continuar crescendo. Não queremos parar por aí”, arrematou.
Segundo projeções da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), as empresas do setor têm potencial de investimento de R$ 32,9 bilhões até 2023.
PUMA II – O Projeto Puma II compreende a instalação de duas máquinas de papel para embalagens (kraftliner), com produção de celulose integrada. A primeira etapa consiste na construção de uma linha de fibras principal para a produção de celulose não branqueada integrada a uma máquina de papel kraftliner, com capacidade de 450 mil toneladas por ano. A segunda contempla a construção de uma linha de fibras complementar integrada a outra máquina de papel kraftliner, com capacidade de 470 mil toneladas anuais. A capacidade de anual de produção da fábrica será ampliada para 2,5 milhões de toneladas de celulose, com a produção integrada de 920 mil toneladas de papel por ano.
As obras do Projeto Puma II seguem a plenos vapores. Elas tiveram início em julho de 2019 com a construção civil, responsável pela maior parte das contratações. A próxima etapa é conjunta, de construção civil e montagem eletromecânica, período de maior concentração de mão de obra. E, finalmente, ocorrerá a conclusão da montagem eletromecânica e o comissionamento da nova planta fabril.
As Agências do Trabalhador do Estado fazem a intermediação das contratações do Projeto Puma II. Em janeiro, 76% dos quase 3.700 trabalhadores da obra eram do Paraná, sendo que mais da metade deles, 52%, residiam em Ortigueira (sede do empreendimento), Telêmaco Borba e Imbaú, e 10% eram de cidades vizinhas à obra, como Reserva, Tibagi, Figueira, Ibaiti e Cândido de Abreu.
INFRAESTRUTURA – Dos R$ 9,1 bilhões anunciados em 2019, R$ 450 milhões serão investidos em obras de infraestrutura. O protocolo de intenções que formalizou o investimento prevê melhorias nas malhas viárias existentes na região de influência do projeto. A empresa deverá executar as construções no período 2020 a 2024.
O protocolo também prevê contrapartidas do Estado para a região de influência do Projeto Puma II, como complementação de efetivos do batalhão da Polícia Militar, Corpo de Bombeiro e Polícia Civil; a implantação de Instituto Médico Legal (IML), Delegacia Cidadã e Centros de Socioeducação (CENSE); e o funcionamento do Hospital Regional de Telêmaco Borba.
Além disso, a Klabin também faz o projeto executivo da obra na estrada que liga Imbaú a Reserva, na região central do Estado. Ele será doado ao Governo do Estado. O investimento privado no desenho do novo traçado da PR-160 e de toda a estrutura necessária permite que a obra seja licitada ainda neste ano, depois das análises ambientais e desapropriações necessárias.
Depois de concluída, a estrada vai retirar o fluxo diário de quase mil caminhões dos dois municípios, facilitar o escoamento da produção das novas plantas da Klabin e a ligação entre o Norte e o Sul do Paraná.
O projeto executivo contempla cerca de 30 quilômetros de melhorias entre Imbaú e Reserva – atualmente, a estrada é de revestimento primário. Ele engloba a implantação de pavimentação da PR-160, iniciando na interseção com a BR-376, em Imbaú, e terminando na interseção com a PR-239, em Reserva. O projeto prevê contornos viários nas duas cidades e na comunidade de José Lacerda e, ainda, correção geométrica das curvas, pistas com 3,5 metros de largura e 2,5 metros de acostamento, nove segmentos com faixa adicional e implantação de pontes. O custo estimado da obra é de R$ 110 milhões, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
EXPORTAÇÃO – Em 2019, a Klabin também arrematou um terminal destinado à movimentação de carga geral, em especial celulose, no Porto de Paranaguá. O espaço foi arrematado por R$ 1 milhão, com a obrigação de fazer um investimento no local na ordem de R$ 87 milhões, além de pagamentos ordinários mensais pela ocupação.
O terminal tem 27.530 metros quadrados com conexões viárias e ferroviárias e, após os investimentos, poderá atingir a capacidade de movimentar 1,2 milhão de toneladas por ano. No ano passado, a Klabin fez o maior embarque de exportação de sua história, com carga de 46 mil toneladas de celulose. Com a movimentação inédita, a expectativa é de que esse tipo de procedimento se torne corriqueiro, aumente a eficiência portuária e traga mais ganhos para o Litoral como um todo. (Com AEN)