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Ranking é da Times Higher Education (THE), revista do Reino Unido, especializada no desempenho global da educação superior. Estão posicionadas no levantamento as universidades de Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Oeste do Paraná e do Norte do Paraná.
A Universidade Estadual de Ponta Grossa completa hoje, 06, 50 anos de fundação. Em 6 de novembro de 1969, o governador Paulo Pimentel criou a UEPG e as Universidades Estaduais de Londrina e Maringá. De lá para cá, a instituição formou cerca de 44 mil profissionais. Para que estes estudantes se graduassem, mais de mil servidores trabalharam e fizeram o dia a dia da UEPG neste meio século de história. Na figura de quatro pessoas, a UEPG presta homenagem a cada um que, nesses 18.250 dias, fez da Universidade sua casa.
DESDE CRIANÇA – Para andar pela universidade com o Brother, ou melhor, o José Eduardo Barbosa, é preciso ter tempo e colocar na conta umas paradas para abraços, acenos, apertos de mão e tapas nas costas. Isso acontece porque o Zé é uma das figuras mais conhecidas da Universidade. “Ele veio piá para cá e se criou aqui”, diz Carlos Clarindo, colega de trabalho e amigo.
Na entrada do campus Uvaranas, sentado na escadaria da Arena que fica ao lado do Centro de Convivência, ele aponta para o lugar onde era sua casa, fala das brincadeiras e de uma castanheira que não está mais lá. “Minha tia Antonia Zanetti era cozinheira do Colégio Agrícola. Quando eu tinha uns seis ou sete anos a gente morava aqui numa casa de madeira”. Apontando para frente, diz que naquela área aconteciam os rodeios da Efapi. “Ali cercavam o gado”, lembra.
Hoje, aos 53 anos, o cinegrafista da Coordenadoria de Comunicação lembra do seu ingresso na UEPG, quando tinha 11 anos de idade. Em 1979, ele entrou na Universidade como guarda-mirim. Trabalhou na Imprensa Universitária, que funcionava no campus central, onde hoje é o Protocolo Geral. São 40 anos de UEPG. “Na época, eu fazia trabalhos de office boy. Levava as notícias para os jornais e rádios”.
Em março de 1981, José Eduardo foi registrado como aprendiz. “Eu era ‘de menor’ e o meu tutor ajudava a cuidar do dinheiro. Metade para despesas, metade para poupança. Com essas economias, anos depois, comprei minha casa”, conta. “Na imprensa eu fiquei três anos no mimeógrafo. Depois aprendi a trabalhar nas impressoras Offset, Holand e Prática. Imprimíamos as provas do vestibular, documentos administrativos, fichas para o curso de odontologia e impressos em geral”.
As mudanças pelas quais passou a Imprensa Universitária ele sabe de memória. “Nós ficamos trabalhado um período onde funcionou uma antiga Fábrica de Vassouras, que ficava a duas quadras da Universidade. Depois fomos para um galpão, também nas proximidades, até que, em 1990, viemos campus de Uvaranas”.
Em 2021, o Brother se aposenta como um irmão e filho da UEPG. “Como conheci minha mãe aos 22 anos, foi a UEPG que me formou, junto com minha tia, meus amigos e irmãos de criação. Sem a Universidade eu não seria ninguém, quem sabe nem estivesse vivo porque estava perdido na vida”.
Egresso, servidor e morador do campus Uvaranas
Josué Linhares é egresso do curso de Educação Física (2006). Mais que graduado pela instituição, Josué é de casa porque, literalmente, morou de 1989 a 2001 na residência que fica ao lado do Portal do Campus Uvaranas e ainda trabalha na Universidade.
Em 16 de maio de 1986, ele foi contratado para trabalhar como vigilante na seção de patrimônio, que ficava no campus central. Dois anos e meio depois, Josué foi convidado a chefiar seção de vigilância do Campus em Uvaranas, que ainda estava em construção. “Com a transferência, eu e minha família passamos a morar na Universidade. A sala da vigilância era um dos cômodos”.
O Campus Uvaranas surgiu sob o olhar atento e o zelo de Josué, que, da janela de casa, observou a construção do viaduto que passa sobre a rede férrea. Viu surgir os Blocos G, L e M, depois o Caic, onde a filha Bianca estudou. “Era uma floresta. A única maneira de fazer as rondas era a pé ou a cavalo. Tínhamos dois, o Camelo e o Barroso”.
Para Josué, o campus Uvaranas foi decisivo para o crescimento da Universidade, que precisava se expandir fisicamente para abrigar mais cursos. “Foi importante também para a comunidade do bairro. Trouxe desenvolvimento e mais segurança para os moradores da região”.
Hoje, Josué é Diretor do Setor de Conservação, Segurança e Apoio da Prefeitura do Campus. A UEPG ainda é sua casa. “Eu trabalho com muito amor pela instituição porque a maior parte da do meu dia é aqui e quando estou fora, levo a UEPG comigo, ela continua a fazer parte da minha vida”. Sorrindo, diz que tem orgulho da Universidade não só porque ela é importante para cidade de forma geral, mas porque faz diferença no Paraná e no Brasil. “A UEPG é reconhecida mundialmente e também é importante para a comunidade local”.
A Universidade como um sonho realizado
A UEPG foi regulamentada como fundação pública pelo então governador Paulo Pimentel através do Decreto Estadual nº 18.111, de 28 de janeiro de 1970. Entre as datas célebres da história da UEPG, o professor Odeni Villaca Mongruel, primeiro vice-reitor e segundo reitor da UEPG, lembra emocionado da noite de 7 de novembro de 1973. “Estávamos no Fenata, no Auditório da Reitoria, quando o reitor Álvaro Augusto da Cunha Rocha noticiou o reconhecimento da instituição como Universidade, pelo Conselho Federal de Educação. Ele disse: a Universidade Estadual de Ponta Grossa nasce sob o signo do Teatro. Foi emocionante”, recorda Mongruel.
A Universidade Estadual de Ponta Grossa resultou da incorporação das Faculdades Estaduais de Filosofia, Ciências e Letras; Farmácia e Odontologia; Direito; Ciências Econômicas e Administração de Ponta Grossa. A existência das faculdades é apontada por Mongruel como um ponto positivo, mas também um desafio. “Já tínhamos um ensino superior robusto para a época. Fomos responsáveis pela reorganização de uma estrutura preexistente. O desafio foi desfazer e depois refazer as Faculdades, fundindo-as numa Fundação. Nesse processo contamos muito com os diretores”, diz.
O professor Mongruel participou ativamente do surgimento da UEPG e avalia os primeiros oito anos como decisivos. “Os anos de 1970 a 1974 foram de afirmação, a Universidade se tornava realidade. Os quatro anos seguintes foram de consolidação. A instituição existia mas, entre outras coisas, precisava de um conjunto de leis que a regulassem. Com orgulho, participei deste período”, enfatiza.
A Universidade no coração
“Trinta anos não são trinta dias”, diz a “tia Marli”, como é conhecida pelos alunos Marli Augusto, que trabalha na cozinha do Restaurante Universitário. Ela entrou pela primeira vez na UEPG num dia célebre, data da posse do novo reitor, em 1991.
“Eu atendia a reitoria e servia café na sala dos professores no campus central. Depois fui para a Proex. Em 1993, comecei a trabalhar no campus Uvaranas e fiquei lá por três anos”. Em 2000, Marli retornou para o centro para trabalhar no Restaurante Universitário. “Voltei e lá se foram 19 anos na cozinha do RU”. Ela, que diz ter espírito jovem, gosta de estar perto dos estudantes. “Adoro a proximidade com os alunos. Sempre tive contato com eles. Eu ficava na porta entregando os tíquetes e conversando sobre novela e futebol, coisas que eu gosto muito”, diz.
Ela relata preocupação com o futuro da Universidade para que a neta possa estudar numa instituição pública. “Uma das coisas mais importantes para mim é que a UEPG continue pública. Meus netos vão estudar aqui”. Marli conta que a neta fará vestibular em fevereiro. “Vai ser uma alegria quando ela entrar (Deus queira que passe) enquanto eu ainda estou trabalhando aqui. Ela entra em fevereiro e eu me aposento em julho”, comemora. “Eu clareio o dia aqui e saio à noite. Eu me sinto em casa. Vou sair, mas a Universidade é o meu coração”. (Com assessoria)